As autoridades iranianas prenderam um proeminente ativista reformista e dois cineastas sob a acusação de agir contra a segurança nacional, informou a mídia local nesta sexta-feira, segundo a Reuters.
Mostafa Tajzadeh, ex-vice-ministro reformista do Interior que se tornou ativista, foi detido sob a acusação de “agir contra a segurança nacional e espalhar mentiras para perturbar a opinião pública”, informou a agência de notícias semi-oficial Mehr.
O governo linha-dura do presidente Ebrahim Raisi tem enfrentado o descontentamento público, com o aumento dos preços dos alimentos provocando protestos nos últimos meses. As negociações indiretas EUA-Irã para ressuscitar um acordo nuclear de 2015 e suspender as sanções estão paralisadas.
Tajzadeh, um crítico aberto do governo, disse que o líder supremo aiatolá Ali Khamenei deve ser responsabilizado se os esforços para reviver o acordo nuclear falharem.
“Sob as atuais condições econômicas deploráveis e a insatisfação pública, o fracasso em reviver o acordo nuclear tem consequências destrutivas, e a responsabilidade é principalmente do líder”, escreveu Tajzadeh em um tuíte na semana passada.
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Não ficou claro se a prisão de Tajzadeh estava ligada ao tweet. Khamenei tem a palavra final em todos os assuntos de Estado e raramente é criticado. Comentários considerados insultuosos a ele podem levar a uma sentença de prisão sob a lei iraniana.
Separadamente, o diretor dissidente Mohammad Rasoulof e um colega, Mostafa Aleahmad, foram detidos na sexta-feira, informou a agência de notícias estatal IRNA, acusando-os de ter ligações com grupos antigovernamentais e cometer crimes de segurança.
Os dois estavam entre um grupo de atores e cineastas que assinaram um apelo que pedia às forças de segurança que “depusessem suas armas e voltassem ao abraço da nação” durante protestos de rua que se seguiram a um colapso mortal de um prédio em maio, que autoridades atribuíram à corrupção e segurança frouxa.
Tajzadeh e Rasoulof enfrentaram acusações no passado.
Tajzadeh foi preso entre 2009 e 2016, principalmente por seu envolvimento em distúrbios que se seguiram a uma disputada eleição em 2009. Rasoulof enfrenta pelo menos duas penas de prisão pendentes por crimes que vão de filmar sem permissão a “conluio contra a segurança nacional”.
Rasoulof ganhou o prêmio Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim em 2020 por “Não há mal”, sobre pena de morte e filmado em desafio secreto à censura do governo iraniano.
A Reuters não conseguiu entrar em contato com os advogados dos detidos para comentar.