Layla Moran – deputada britânica de origem palestina e porta-voz do Partido Liberal Democrata para política externa – desafiou aqueles indignados com as denúncias de apartheid contra Israel a pressionarem por melhoras nas condições de direitos humanos nos territórios ocupados, caso estejam tão apreensivos sobre a imagem do estado sionista.
“Minha resposta àqueles furiosos pelo termo ‘apartheid’ é questionar o que fazem para melhorar a situação de direitos humanos dos palestinos em Jerusalém e outros lugares”, declarou Moran em entrevista à rede Jewish News.
A representante do distrito de Oxford West e Abingdon deve encontrar-se em breve com Tzipi Hotovely – embaixadora israelense em Londres, conhecida por posições de ultradireita – junto do líder do partido britânico, Ed Davey.
Ao comentar evidências compiladas por grupos de direitos humanos de que Israel executa crimes de apartheid contra o povo palestinos, Moran aludiu ao relatório da ong israelense B’Tselem para reivindicar neutralidade.
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“Não é meu lugar dizer se a definição de apartheid é cumprida na Palestina”, reiterou Moran. “Mas temo reconhecer o retrato concedido por esses relatórios nos relatos de minha própria família e naquilo que pude ver como porta-voz de política externa”.
Moran admitiu que as denúncias de apartheid contra Israel podem parecer distantes ao público em um primeiro momento, mas que é preciso realizar uma discussão honesta sobre as políticas adotadas por Tel Aviv, incluindo eventuais crimes de lesa-humanidade.
“Penso que não devemos fugir das conversas difíceis sobre o sofrimento da população em campo”, reafirmou a congressista. “Não acho que ajuda ignorarmos os fatos”.
Moran também comentou sobre um projeto de lei para reconhecer imediatamente o Estado da Palestina e insistiu que supostos crimes do movimento de resistência Hamas – designado como “grupo terrorista” por Londres – não devem servir como pretexto para obstruir avanços.
“O Reino Unido reconhece estados que fizeram muito pior do que o Hamas”, reiterou Moran, ao destacar críticas próprias ao movimento palestino radicado em Gaza.
“Sugerir de alguma forma que, devido à presença do Hamas, moderados como eu – isto é, a vasta maioria do povo palestino – devem ter revogado seu direito de existir, é precisamente favorecer o movimento em questão”, argumentou Moran.
Sobre os assentamentos exclusivamente judaicos na Cisjordânia ocupada, observou Moran: “Sob a lei internacional, os assentamentos são ilegais … A razão para que tais produtos não entrem no Reino Unido é precisamente por sua ilegalidade. Como sabemos, muitas pessoas que se mudaram aos assentamentos o fizeram por conta dos custos menores de habitação”.
A parlamentar manifestou decepção sobre o fato de o atual governo israelense seguir os passos do gabinete antecessor, chefiado pelo ex-premiê Benjamin Netanyahu – mais longevo chefe do governo do estado ocupante.
Netanyahu – atual chefe da oposição e presidente do partido ultranacionalista Likud – sempre se opôs aos direitos de autodeterminação do povo palestino e tentou formalizar a supremacia judaica do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo – território conhecido como a Palestina histórica.