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Irã não religará câmeras da AIEA até que novo acordo nuclear seja assinado

Mohammad Eslami, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI) em Teerã, Irã, em 9 de abril de 2022 [Presidência iraniana/Agência Anadolu]

O Irã manterá as câmeras do órgão de vigilância nuclear da ONU desligadas até que um acordo nuclear de 2015 seja restaurado, disse hoje o chefe da Organização de Energia Atômica do país, segundo a Reuters.

O chefe nuclear Mohammad Eslami também disse que o Irã não concordaria em lidar com supostos vestígios de urânio inexplicáveis, conforme exigido pela AIEA, acrescentando que o acordo nuclear de 2015 eliminou o Irã das alegações de PMD (possíveis dimensões militares).

Em junho, o Conselho de Governadores de 35 nações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução criticando o Irã por não explicar os vestígios de urânio encontrados em três locais não declarados.

“Os casos e locais de PMD alegados foram encerrados sob o acordo nuclear e, se eles [o Ocidente] forem sinceros, devem saber que os itens encerrados não serão reabertos. A base do acordo nuclear foi uma resposta a esses supostos casos”, disse Eslami. citado pela mídia estatal como dizendo.

O Irã informou à AIEA que havia removido equipamentos da agência, incluindo 27 câmeras instaladas sob o pacto de 2015 com potências mundiais, depois que a agência aprovou uma resolução criticando Teerã em junho.

“Não vamos ligar as câmeras da AIEA até que o outro lado retorne ao acordo nuclear”, disse Eslami.

LEIA: ‘Irã parece não querer um acordo nuclear’, alega chefe da inteligência britânica

“Vamos decidir sobre as câmeras adicionadas sob o acordo nuclear depois que os ocidentais retornarem ao acordo e temos certeza de que eles não farão nada maldoso”, acrescentou Eslami.

O pacto nuclear de 2015 impôs restrições às atividades nucleares do Irã em troca do levantamento das sanções internacionais. O então presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo em 2018, reimpondo duras sanções econômicas a Teerã.

Os clérigos governantes do Irã responderam violando as restrições nucleares do pacto.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, acusou hoje o chefe da AIEA, Rafael Grossi, de ter “visões não profissionais, injustas e não construtivas” sobre o programa nuclear de Teerã.

O programa nuclear do Irã está “galope à frente” e a AIEA tem visibilidade muito limitada sobre o que está acontecendo, disse Grossi em entrevista publicada na sexta-feira.

Potências ocidentais alertam que o Irã está se aproximando de ser capaz de fazer uma bomba nuclear. O Irã nega querer. As negociações indiretas entre o Irã e os Estados Unidos sobre a retomada do acordo de 2015 estão paralisadas desde março.

O presidente francês Emmanuel Macron expressou sua decepção ao seu colega iraniano Ebrahim Raisi pela falta de progresso nas negociações.

LEIA: Programa nuclear do Irã avança a galope’, diz chefe da AIEA ao El Pais

O pacto nuclear parecia próximo de um renascimento em março, mas as negociações  empacaram em parte na discussão se os Estados Unidos removeriam o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla usual em inglês) do Irã de sua lista de Organizações Terroristas Estrangeiras. O IRGC controla as forças armadas e de inteligência de elite que Washington acusa de uma campanha terrorista global.

O governo Biden deixou claro que não tem planos de retirar o IRGC da lista, um passo que teria efeito prático limitado, mas que irritaria muitos legisladores americanos.

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