Neste domingo (31), seguidores de Moqtada al-Sadr – clérigo xiita e líder populista iraquiano – instalaram tendas como preparativo a uma ocupação de protesto no Parlamento do Iraque, na chamada Zona Verde da capital Bagdá, sem data prevista para acabar.
Há receios de que a iniciativa delongue o impasse político ou incorra em uma nova onda de violência.
Neste sábado (30), milhares de correligionários de al-Sadr invadiram a chamada Zona Verde de Bagdá – área fortificada que abriga edifícios públicos e missões internacionais. Então, tomaram o parlamento pela segunda vez nesta semana, ao passo que adversários xiitas – ligados a Teerã – tentam formar um governo.
“Ficaremos aqui até que nossas demandas sejam cumpridas”, declarou uma fonte sadrista à agência de notícias Reuters, em condição de anonimato.
Os correligionários de al-Sadr reivindicam dissolução do parlamento, convocação de novas eleições e substituição de juízes federais.
LEIA: Iraquianos rejeitam novo premiê, invadem o parlamento
A coalizão sadrista elegeu o maior número de parlamentares entre os partidos iraquianos nas eleições de outubro, ao conquistar um quarto dos 329 assentos. Partidos ligados ao Irã foram derrotados nas urnas, salvo a aliança do ex-premiê Nouri al-Maliki, opositor de al-Sadr.
Sadr não conseguiu compor um governo próprio e sofreu derrotas no legislativo e judiciário ao nomear um presidente e primeiro-ministro alinhado com seu projeto. Neste entremeio, o líder populista retirou seus congressistas da câmara e convocou protestos.
O impasse marca a maior crise no Iraque em anos.
Em 2017, tropas nacionais – junto de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, com apoio paramilitar do Irã – derrotou o grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh), que havia capturado um terço do país.
Dois anos depois, todavia, os iraquianos ainda sofrem com desemprego e corrupção. Grupos populares pedem a extinção dos partidos tradicionais, sobretudo xiitas, que administraram o país desde a deposição do longevo ditador Saddam Hussein, em 2003.
LEIA: Chefe da ONU clama por desescalada nos protestos do Iraque