Israel voltou a exigir neste domingo (31) o desmantelamento do comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) incumbido de investigar os crimes conduzidos pela ocupação colonial durante sua ofensiva militar contra Gaza, em maio de 2021.
O premiê em exercício Yair Lapid fez sua demanda em carta encaminhada ao Secretário-Geral da ONU António Guterres. Em seu texto, Lapid rotulou denúncias de Miloon Kothari – um dos membros da Comissão de Inquérito do Conselho de Direitos Humanos – como “antissemitas”.
“Estamos muito preocupados com redes sociais controladas, em larga escala, por lobbies sionistas ou que operam sob pressão de certas ongs”, alegou Kothari em podcast da rede Mondoweiss, em 25 de julho. “Há muito dinheiro gasto para tentar nos desacreditar”.
Desde o princípio, Israel boicotou o inquérito e obstruiu a entrada dos relatores nos territórios ocupados. Em junho, o governo israelense descreveu as descobertas preliminares da comissão das Nações Unidas como “mais recente de uma série de relatórios tendenciosos”.
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Na carta a Guterres, alegou o premiê: “A luta contra o antissemitismo não pode ser travada apenas nas palavras; requer ação. É hora de agirmos; é hora de desmantelar este comitê. A comissão não somente apoia o antissemitismo – ela o alimenta”.
As Nações Unidas não comentaram o mais recente alerta até então.
Contudo, a rede Mondoweiss divulgou uma mensagem de Navi Pillay – presidente da Comissão de Inquérito – conforme a qual os comentários de Kothari foram deliberadamente retirados de contexto.
Não obstante, Estados Unidos e outras nações ocidentais – dentre as quais, Alemanha, Áustria e Reino Unido – corroboraram a alegação de “antissemitismo”.
Michele Taylor – representante de Washington no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas – escreveu no Twitter: “Estamos indignados com recentes comentários antissemitas e anti-Israel de um membro da Comissão de Inquérito. Lamentavelmente, tais falas inaceitáveis exacerbam nossa profunda preocupação sobre a natureza parcial e o escopo deveras vasto do órgão e sobre a tratativa enviesada e desproporcional do Conselho de Direitos Humanos para com Israel”.
Embora a comissão tenha sido estabelecida para investigar os 11 dias de ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, em maio de 2021, seu mandato inclui violações prévias e posteriores, para analisar as raízes da conjuntura de tensão que culminou nos bombardeios.
Na ocasião, ao menos 250 palestinos foram mortos – contra treze israelenses. Os ataques agravaram a devastação deixada pela ofensiva militar de 2014.