Oficiais palestinos da Faixa de Gaza sitiada advertiram nesta quinta-feira (4) para a interrupção da produção de energia pela única usina de eletricidade do pequeno território costeiro, dentro de 48 horas, caso o atual bloqueio israelense à entrada de combustíveis não seja suspenso.
As restrições foram impostas em meio a tensões na fronteira nominal entre as partes, após a prisão de Bassam al-Saadi, veterano do movimento palestino de Jihad Islâmica, durante uma invasão do exército sionista a Jenin, na Cisjordânia ocupada, na segunda-feira (1°).
Durante a operação, um jovem palestino de 17 anos foi executado.
Autoridades israelenses fecharam todas as travessias de Gaza, ao impedir, portanto, o movimento de pessoas, bens e assistência humanitária, ao alegar medo de represálias.
Trabalhadores palestinos foram impedidos de atravessar a fronteira e mesmo residentes do lado israelense, radicados no sul do território de 1948 – isto é, ocupado durante a Nakba ou “catástrofe”, mediante limpeza étnica –, reclamaram das medidas.
Desde 2007, quando o Hamas passou a governar Gaza, a ocupação israelense impõe um severo bloqueio militar por ar, mar e terra contra o pequeno território costeiro.
Os palestinos de Gaza já enfrentam sucessivos blecautes, com acesso a apenas dez horas de
eletricidade por dia. Sem sua usina, o território costeiro pode recorrer somente a uma única
fonte externa – equivalente a 120 megawatts por dia, proveniente de Israel.
“A vida diária de dois milhões de pessoas e serviços vitais serão duramente afetados”, alertou
Mohammad Thabit, representante da empresa de distribuição de energia de Gaza.
Mediadores egípcios tentam atenuar tensões entre as partes. “Estamos em contato com oficiais do Egito; no entanto, até então, não há resultado satisfatório. Desta maneira, prevalece o alerta máximo”, declarou Daoud Shehab, porta-voz do movimento de Jihad Islâmica.
A Jihad Islâmica declarou alerta absoluto entre seus militantes, ao indicar a possibilidade de resposta armada, após um vídeo circular na imprensa israelense no qual al-Saadi parece ser ferido durante sua prisão.
Abdel-Latif al-Qanoua, porta-voz do Hamas, condenou as restrições israelenses e observou que seu movimento também mantém conversas com mediadores. “Não aceitaremos o fechamento contínuo das travessias e esta política de punição coletiva”, acrescentou.
Oficiais israelenses não comentaram até então as condições de al-Saadi e sugeriram que o cerco continuará em vigor enquanto considerar ameaças da Jihad Islâmica.
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