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Irã quer mais garantias dos EUA para retomar acordo nuclear

Ministro de Relações Exteriores do Irã Hossein Amirabdollahian no Iêmen, em 16 de junho de 2015 [AFP via Getty Images]

Teerã quer garantias mais rígidas dos Estados Unidos para retomar o acordo nuclear de 2015, afirmou nesta quarta-feira (30) seu Ministro de Relações Exteriores Hossein Amirabdollahian, durante visita a Moscou, segundo informações da agência Reuters.

O chanceler alegou ainda que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), tem de abandonar “suas investigações motivadas politicamente” sobre o programa iraniano.

Após 16 meses de negociações indiretas entre Washington e Teerã, em 8 de agosto, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, advertiu que seu bloco deferiu uma proposta final para tentar solucionar o impasse.

O chanceler iraniano, entretanto, insistiu que seu governo avalia com cautela a resposta da Casa Branca ao texto apresentado na última semana pela entidade europeia – que serve de coordenadora das negociações atômicas.

“Precisamos de garantias melhores do outro lado para mantermos um acordo sustentável”, declarou Amirabdollahian em visita ao Kremlin, durante coletiva de imprensa junto de seu homólogo russo Sergey Lavrov.

O ministro não deu detalhes sobre tais garantias. Não obstante, nos meses de diálogo indireto em Viena, a república islâmica exigiu das potências ocidentais que o pacto se tornasse política de estado, de modo que não seja ameaçado por um novo presidente, como ocorreu em 2018, no mandato do ex-incumbente americano Donald Trump.

LEIA: Presidente do Irã condiciona acordo nuclear ao fim da investigação da AIEA

Seu sucessor Joe Biden, todavia, insiste não ter jurisdição para conceder tais garantias, dado que acordo é um arranjo político ao invés de tratado vinculativo.

Em último caso, quem defere ou não o acordo é o Líder Supremo do Irã Ali Khamenei, que evita comentários públicos sobre a matéria há meses.

Em 2015, Khamenei foi motivado pela promessa de suspender sanções dos Estados Unidas e da Europa contra o Irã, em troca de restrições de enriquecimento de urânio no programa iraniano.

Três anos depois, contudo, Trump abandonou o pacto e restituiu duras sanções, que levaram Teerã a aumentar gradativamente suas taxas de armazenamento de urânio a níveis militares, além de instalar centrífugas avançadas para acelerar o processo.

“Será uma enorme vergonha ao Supremo Líder caso os Estados Unidos voltem a revogar o acordo”, comentou um ex-oficial iraniano. “É precisamente essa uma das razões pela qual Teerã insiste nessa questão”.

A retomada do acordo nuclear parecia próxima no mês de março. Entretanto, as negociações chegaram uma série de impasses, incluindo as demandas iranianas para que a AIEA encerre a investigação sobre traços de urânio em locais não-declarados.

“A agência deve fechar o caso”, reafirmou Amirabdollahian. “Tais esforços motivados politicamente são inaceitáveis a Teerã”.

O acordo agora está em risco. Uma fonte iraniana – em condição de anonimato – observou à Reuters que o fim do inquérito é reivindicação absoluta do aiatolá Khamenei.

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