Uganda e Israel, na terça-feira, assinaram um Memorando de Entendimento (MOU) em defesa, em meio a crescentes críticas no país sobre o software de hacking de Israel, informa a Agência de Notícias Anadolu.
A cerimónia de assinatura teve lugar na capital, Kampala.
Uganda foi representada por Rosette Byengoma, Israel por Asaf Dvir.
“Em nome do Ministério da Defesa de Israel (ISMOD), gostaríamos de transferir nosso agradecimento ao governo de Uganda, UPDF, por este processo e também pelo relacionamento contínuo no futuro”, disse Dvir.
“Israel nos ajudou a fortalecer nossos diferentes ramos das forças armadas, mais especialmente na Força Aérea e na Defesa Aérea”, disse Byengoma.
No mês passado, a Israel Cyber Company, Cellebrite, vendeu tecnologia para hackear telefones celulares para a Força Policial de Uganda, que foi acusada de abusos generalizados dos direitos humanos, incluindo detenção arbitrária, tortura e assassinato.
Grande parte da repressão foi dirigida a ativistas da oposição que contestam o governo de 36 anos do atual regime.
O governo de Uganda negou as alegações de hackers.
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A polícia de Uganda disse que, embora a tecnologia em questão tenha sido adquirida, ela não está em uso atualmente.
No ano passado, funcionários diplomáticos da embaixada dos EUA em Kampala tiveram seus iPhones invadidos usando spywares vendidos pela empresa israelense de armas cibernéticas, o grupo NSO.
De acordo com uma reportagem do New York Times 11 funcionários foram hackeados, sendo que a equipe da embaixada recebeu um aviso da Apple de que “atacantes patrocinados pelo Estado estão tentando comprometer remotamente o iPhone associado ao seu ID Apple”.
Um porta-voz da NSO disse que conduziria uma investigação independente e cooperaria com qualquer investigação do governo.
Vários ativistas de direitos humanos estão pedindo a cessação das vendas da tecnologia e serviços de suporte ao governo de Uganda, que está no poder há quase 40 anos.
“O coração do problema é que temos uma junta militar fingindo ser um governo e se tornando cada vez mais desenfreada”, disse Andrew Karamagi, ativista de direitos humanos em Uganda, à Agência Anadolu.