Peritos em política e direitos humanos descreveram os acordos firmados pela futura coalizão de Israel como violação explícita de múltiplas resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e da lei internacional, que consideram ilegais todos os assentamentos em terras ocupadas.
Mahmoud al-Hanafi, diretor-geral da Associação Palestina para Direitos Humanos, advertiu que qualquer mudança legal ou geográfica no mapa da Palestina sob ocupação equivale a “violação da lei”, como estipulado pelo decreto consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) sobre o Muro do Apartheid, construído por Israel desde 2004.
Al-Hanafi enfatizou que as práticas e planos dos sucessivos governos em Tel Aviv corroboram a natureza racista e extremista das políticas de estado.
Nesta quinta-feira (17), redes de imprensa israelenses publicaram detalhes de um acordo entre o premiê eleito Benjamin Netanyahu e o parlamentar de extrema-direita Itamar Ben-Gvir, com intuito de compor um governo de coalizão dentro do prazo estabelecido.
O acordo augura “legalizar” postos coloniais na Cisjordânia ocupada dentro de 60 dias, além de rever a lei de desengajamento da Faixa de Gaza sitiada. O pacto prevê ainda reconhecer o posto colonial de Homesh, no norte da Cisjordânia, para conferir residência a estudantes judeus.
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O acordo também estabelece planos de construção de rodovias que cortam a Cisjordânia, para conectar assentamentos ilegais em terras palestinas, além de ampliar a Rota 60 e destinar entre US$146 e US$292 milhões para tanto.
A tramitação do projeto que “legaliza” o posto colonial de Avitar deve ser acelerada.
Hussam al-Dajani, analista político palestino, reiterou que o acordo reflete a verdadeira face de Israel e confirma seu caráter como estado de apartheid. O pacto de governo, prosseguiu, é uma violação flagrante da Resolução 2334 do Conselho de Segurança, que confirma a ilegalidade dos assentamentos.
“As medidas da ocupação israelense são ainda uma mensagem a regimes árabes e islâmicos que se apressaram a normalizar laços com Israel”, concluiu al-Dajani. “Dizem claramente que o ente sionista nunca será um catalisador de paz e estabilidade regional, mas sim um estado de guerra, assassinato e discriminação racial”.