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Brasil : jornalistas são alvos de ataques em investida bolsonarista contra a democracia brasileira

Gopistas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto em 08 de janeiro de 2023. [Marcelo Camargo/Agência Brasil]

Ao menos onze jornalistas foram alvos de ataques durante a cobertura da invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília. A Repórteres sem Fronteiras (RSF) condena o grave atentado contra a democracia brasileira e denuncia a violência contra a imprensa, alvo recorrente de ataques por parte de apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, e exige uma resposta dura por parte das autoridades para condenar os responsáveis e pôr fim na escalada de agressões contra jornalistas no país.

Diversos jornalistas relataram cenas de terror durante a cobertura da invasão dos prédios do Congresso Nacional, da Suprema Corte e do Palácio do Planalto em Brasília neste domingo, 8 de janeiro de 2023. Ao serem identificados como jornalistas pelos apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, eles eram cercados, hostilizados, ameaçados, em alguns casos agredidos e roubados de seus equipamentos.

Os fotógrafos da Agência France Press (AFP) e da Reuters tiveram seus equipamentos roubados por bolsonaristas próximo ao Palácio do Planalto. Um outro fotógrafo, do portal Metrópoles, foi cercado por dez pessoas, agredido e roubado. Um repórter do jornal O Tempo foi ameaçado com arma de fogo dentro do Congresso Nacional pelos golpistas. A colaboradora do Washington Post, Marina Dias, foi assediada, derrubada e agredida fisicamente quando tentava proteger seu celular de ser roubado pelos criminosos. Outros jornalistas também foram alvos de ameaças, e tiveram equipamentos roubados ou destruídos.

Os ataques extremamente graves contra os jornalistas que reportavam sobre a investida sem precedentes contra a democracia brasileira são inaceitáveis. As cenas registradas demonstram que o autoritarismo e os movimentos golpistas caminham juntos com a violência contra a imprensa e a censura. O clima de ódio contra o jornalismo alimentado nos últimos anos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro exacerbou a virulência de movimentos golpistas contra a imprensa, percebidos como inimigos a serem abatidos. É urgente pôr um fim a essa escalada absurda de violência contra a imprensa que representa uma ameaça para a democracia brasileira, e que as autoridades sancionam de forma inequívoca os autores desses ataques, disse  Artur RomeuDiretor do escritório da Repórteres sem Fronteiras (RSF) para a América Latina

Ao longo da primeira semana de 2023, ao menos sete agressões contra jornalistas já haviam sido registradas, a maioria delas envolvendo a cobertura da imprensa dos acampamentos de movimentos golpistas que se concentram na frente de quartéis militares em diferentes cidades do país.

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De acordo com um levantamento realizado pela Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), foram mais de 70 ataques contra jornalistas cobrindo a mobilização de grupos extremistas desde o fim das eleições, em 30 de outubro de 2022. Os ataques contra os profissionais de imprensa, documentados em 19 estados e no Distrito Federal, incluem ameaças, assédio moral, agressões físicas, destruição de equipamento e até rajadas de tiros contra e incêndios criminosos em redações.

Durante a campanha eleitoral, de agosto a novembro de 2022, a RSF documentou ao menos três milhões de mensagens com conteúdo ofensivos e violentos contra jornalistas e a imprensa em geral nas redes sociais. Os episódios deste domingo provam que esse clima hostil contra a imprensa que reina no ambiente digital se materializa na realidade em graves agressões físicas contra jornalistas no Brasil.

Publicado originalmente em Repórteres Sem Fronteiras

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