Os Ministros de Energia do Catar, Saad al-Kaabi, e dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Suhail al-Mazrouei, alegaram durante um painel promovido neste domingo (15) pela Cúpula de Energia Global do Conselho Atlântico que o mundo demandará mais gás natural no futuro próximo, sob a escalada da crise energética e as consequências da transição verde.
Segundo al-Kaabi, apesar do inverno brando na Europa incorrer na queda do custo de energia, a volatilidade do mercado deve prevalecer “por algum tempo”, devido a uma oferta reduzida até meados de 2025.
“A questão é o que vai acontecer quando a Europa quiser reabastecer suas reservas neste ano e no próximo”, advertiu o ministro. Al-Kaabi insistiu à imprensa que Doha tem volumes limitados de gás natural liquefeito (GNL) disponíveis à Europa.
Conforme o ministro, o Catar – que ainda trabalha para expandir sua produção de gás natural – conduz negociações com outros agentes do mercado, de modo que seu suprimento tem limites claros. “Há muitos compradores europeus e asiáticos e há chances de que, até o final do ano, o excedente catariano esteja todo vendido”.
Segundo al-Kaabi, os estados ocidentais terão de voltar a importar gás natural da Rússia, apesar da continuidade da invasão militar imposta por Vladimir Putin à Ucrânia, desde 24 de fevereiro último, que resultou em duras sanções internacionais.
O ministro criticou ainda a transição a energia verde, ao afirmar que nações ocidentais buscam pressionar países africanos e em desenvolvimento para não explorar petróleo e gás natural, em um momento no qual a produção é essencial a sua economia e a todo mercado global. Segundo al-Kaabi, a pressão é “injusta”.
De sua parte, o emissário emiradense al-Mazrouei concordou com o colega: “Gás natural estará entre nós por muito, muito tempo”. Segundo o ministro, é preciso expandir a exploração de gás natural enquanto fontes sustentáveis ainda buscam se estabelecer.
“O mundo tem de pensar nos recursos e como as empresas podem produzir mais para que seus produtos sejam mais acessíveis e baratos”, destacou al-Mazrouei, ao criticar estratégias “pouco claras” de países desenvolvidos, que dificultam o compromisso de longo prazo para exportação de insumos energéticos e, portanto, o investimento na área.
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