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EUA indicam embaixadora ao Brasil após controvérsia sobre ‘lobby judeu’

Vice-presidente dos EUA Kamala Harris empossa Elizabeth Bagley como embaixadora ao Brasil, em Washington, 9 de janeiro de 2023 [Kevin Dietsch/Getty Images]
Vice-presidente dos EUA Kamala Harris empossa Elizabeth Bagley como embaixadora ao Brasil, em Washington, 9 de janeiro de 2023 [Kevin Dietsch/Getty Images]

Os Estados Unidos empossaram Elizabeth Frawley Bagley como embaixadora ao Brasil, após ser repreendida por comentários prévios sobre o “lobby judeu” durante sua sabatina na cidade de Washington. Bagley foi indicada um ano atrás pelo presidente Joe Biden, mas sua nomeação foi maculada por demora e acusações de “antissemitismo”.

“Sempre há influência do lobby judeu porque sempre houve muito dinheiro envolvido”, alegou Bagley durante entrevista ao projeto de história oral da Associação para Treinamento e Estudos Diplomáticos. Segundo Bagley, os democratas “sempre tendem a caminhar junto do eleitorado judeu em Israel e trazer ideias estúpidas, por exemplo, a ideia corriqueira de transferir a capital para Jerusalém – coisas que não deveríamos nem comentar”.

Bagley foi adiante, ao dizer que “fator judeu” não se trata do número de eleitores interessados nessas questões: “É dinheiro”. Questionada sobre suas falas durante sua sabatina no Comitê de Relações Exteriores do Senado, em 18 de maio de 2022, Bagley insistiu incorrer de um “fluxo de consciência” junto do entrevistador.

No entanto, Bagley desculpou-se pela “escolha das palavras”, ao reiterar que a entrevista “não reflete, certamente, meu ponto de vista sobre os judeus americanos”. Bagley afirmou ainda que sua afirmação sobre Jerusalém foi “estúpida” e que a cidade deve integrar as negociações sobre a “solução de dois estados”.

Vale observar, contudo, que a “escolha das palavras” de Bagley, de fato, não é precisa: o lobby sionista – em favor do projeto político de colonização sobre a Palestina histórica – não equivale ou representa todos os judeus, assim como antissionismo não é o mesmo que antissemitismo.

Carro da Polícia Legislativa destruído por apoiadores do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro durante invasão a Brasília, 8 de janeiro de 2023 [Joedson Alves/Agência Anadolu]

Carro da Polícia Legislativa destruído por apoiadores do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro durante invasão a Brasília, 8 de janeiro de 2023 [Joedson Alves/Agência Anadolu]

A possa de Bagley coincide com tensões no Brasil. Em 8 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes em Brasília aos apelos por intervenção militar contra o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva. A bandeira de Israel foi presença marcante nos ataques terroristas ao Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.

 

As declarações de Bagley sobre o lobby sionista ecoam opiniões de Barack Obama. Em seu livro A Promised Land (Uma Terra Prometida, Cia. das Letras), o ex-presidente relembra a pressão de seus membros. Conforme Obama, republicanos e democratas temiam represálias do Comitê de Assuntos Públicos Israel-Estados Unidos (Aipac), então descrito como “poderosa organização de lobby bipartidária dedicada a garantir apoio incondicional a Israel”.

Ao descrever os desafios em enfrentar o poderoso grupo de lobby, Obama prosseguiu: “O peso da Aipac pode se impor a praticamente todos os distritos congressionais do país e quase todos os políticos de Washington – eu incluso – contavam com membros da Aipac entre apoiadores e doadores”.

O ex-presidente percebeu que “aqueles que criticavam muito abertamente a política israelense estariam sob ameaça de serem rotulados como ‘anti-Israel’ – e possivelmente ‘antissemitas’ – e enfrentarem, nas próximas eleições, um oponente muito bem financiado”.

Obama recordou então uma conversa com seu conselheiro adjunto de Segurança Nacional, Ben Rhodes, após uma queixa enfurecida de um parlamentar democrata. “Pensei que ele se opunha aos assentamentos”, disse Obama. “Ele se opõe”, redarguiu o assessor, que demorou uma hora para acalmar o deputado. “Também se opõe a qualquer ação efetiva contra os assentamentos”.

LEIA: A bandeira de Israel e os atos antidemocráticos

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