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Sanções ou Assad: o que está impedindo a chegada de ajuda ao norte da Síria?

À medida que o número de mortos pelos terremotos que abalaram a Turquia e a Síria continua a aumentar, muitos questionam se as sanções à Síria estão impedindo que a ajuda chegue ao país devastado pela guerra.

Após 12 anos de guerra civil, a maior parte da Síria está novamente sob o controle do regime de Assad, mas um pequeno enclave ao norte é o último território restante mantido por grupos de oposição sírios. Cercada por forças de Assad em três lados, a fronteira norte com Turquia era a única tábua de salvação para o território controlado pela oposição trazer ajuda e suprimentos.

Em 2020, a Rússia, aliada de Bashar Al-Assad, usou seu poder de veto na ONU para forçar o fechamento de todas as passagens para a Síria a partir da Turquia, exceto a passagem de Bab Al-Hawa. Moscou alegou que os corredores de ajuda no território controlado pela oposição minavam a soberania do regime de Assad. O Conselho de Segurança da ONU também precisaria votar a cada seis meses para manter esta passagem aberta.

O fechamento dos corredores de ajuda resultou na falta de itens essenciais, materiais de construção e equipamentos especializados, impossibilitando a reconstrução da região devastada pela guerra e bombardeada pelas forças sírias e russas.

No entanto, os danos causados pelos terremotos de 6 de fevereiro de 2023 deixaram a travessia de Bab Al-Hawa intransitável. Durante dias, a Síria tornou-se impenetrável, mas então duas novas travessias foram abertas com a aprovação de Al-Assad e a ajuda começou a chegar mais uma vez.

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Os EUA, a UE e o Reino Unido impuseram sanções ao regime de Assad em 2011 e apertaram o cerco em torno dele desde então, como resultado de seus crimes de guerra sistemáticos e abusos dos direitos humanos ao longo da guerra.

As sanções bloquearam principalmente transações bancárias, investimentos, voos e importação de petróleo, equipamentos militares e tecnologia. Muitas dessas sanções visavam indivíduos dentro do regime sírio, incluindo o presidente Bashar Al-Assad e seus parentes.

Sentindo o aperto, o regime de Assad tem se beneficiado da ajuda. Um relatório de 2022 descobriu corrupção ‘sistêmica’ na ajuda humanitária indo para a Síria através das Nações Unidas com agências da ONU tendo contratos de aquisição com indivíduos ligados ao regime de Assad e vinculados a violações dos direitos humanos.

Entre 2019 e 2020, cerca de US$ 63 milhões em fundos da ONU foram concedidos a indivíduos sancionados pelos Estados Unidos e Estados europeus, incluindo familiares próximos do presidente Bashar Al-Assad.

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Embora a ajuda pós-terremotos também tenha começado a entrar no norte da Síria através das passagens recém-abertas, a maior parte deve ser administrada pelo regime sírio. Damasco recebeu ajuda de vários países, incluindo Irã, Iraque e Argélia, e deve receber ajuda da ONU. Os EUA agora também aliviaram as sanções por seis meses para permitir a entrega de ajuda.

Os caminhões que chegam ao norte da Síria trazem principalmente alimentos e barracas, mas grupos civis dizem que precisam de equipamentos especializados para continuar os esforços de busca e resgate, bem como materiais de construção para reerguer moradias  que foram destruídas nos tremores.

Embora o regime não patrulhe a travessia para o norte da Síria, ele pode forçar seu fechamento e impedir que a ajuda seja entregue aos necessitados. Os sírios que vivem nos territórios controlados pela oposição – muitos dos quais foram deslocados internamente pelas forças de Assad – encontram-se mais uma vez à mercê de seu ex-líder.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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