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ONU precisa de US$ 4,3 bilhões para levar ajuda humanitária ao Iêmen

27 de fevereiro de 2023, às 18h04

Uma criança carrega ajuda distribuída por organizações de caridade em Hajjah, Iêmen, em 07 de março de 2022 [Mohammed Al Wafi/Agência Anadolu]

As Nações Unidas precisam de US$ 4,3 bilhões para apoiar mais de 17 milhões de pessoas no Iêmen este ano. O valor foi anunciado nesta segunda-feira em um evento de alto nível sobre a crise humanitária no país na sede da ONU em Genebra, Suíça.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, contou na abertura da sessão que o último ano trouxe esperança ao Iêmen, com o retorno da atividade no aeroporto da capital Sanaa, a entrada de suprimento e a trégua de seis meses.

Avanços da ajuda humanitária

No entanto, a ONU estima que mais de 21 milhões de iemenitas devam precisar de assistência e proteção este ano. O número equivale a dois terços da população sofrendo com conflito, deslocamento, deterioração econômica e desastres naturais.

Guterres explica que o valor permitiria a continuação de operações vitais, que atenderam cerca de 11 milhões de pessoas em 2022 com alimento, água, abrigo e educação.

Segundo ele, os avanços do último ano tiraram 2 milhões de pessoas da fome aguda e o número de pessoas ameaçadas pela fome caiu de mais de 150 mil para praticamente zero.

Acesso para comboios humanitários

Em sua mensagem, o secretário-geral da ONU ressaltou que os parceiros humanitários precisam de acesso desimpedido e que a falta de acesso, particularmente controladas pelos houthis, tornam muito mais difícil alcançar quem precisa.

Guterres pediu que as partes em conflito facilitem a passagem segura e rápida da ajuda humanitária, de acordo com o direito internacional humanitário.

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A ONU estima que 25% dos que precisam de apoio em todo o Iêmen são afetados por restrições de acesso, sendo as questões burocráticas as mais prevalentes no noroeste do Iêmen.

Caminho para paz

O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, também esteve na reunião e lamentou que esta seja a sétima conferência para pedir assistência ao país. Para ele, a crise do Iêmen já dura muito tempo e afeta milhões de inocentes.

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários afirmou que a reunião aponta que a comunidade internacional está firme no compromisso em ajudar o povo do Iêmen a emergir da crise e redobrar os esforços para encontrar um caminho para a paz.

O secretário-geral da ONU também encorajou uma solução pacífica para a situação no país, afirmando que o apoio humanitário não pode resolver o conflito.

Guterres acredita que há uma oportunidade para alcançar a paz no Iêmen com a renovação da trégua, o avanço dos processos políticos e o investimento na recuperação econômica do país.

Situação no Iêmen

Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, o Iêmen não está em uma guerra de ofensivas militares em grande escala, mas também não chegou a um acordo de paz formal. O país segue para o oitavo ano de instabilidade.

Durante a trégua, de 2 de abril a 2 de outubro, o deslocamento relacionado ao conflito diminuiu 76%. Ao mesmo tempo, as vítimas de minas terrestres e resíduos explosivos de guerra aumentaram em 160%.

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Na ausência de um acordo político abrangente, o Ocha avalia que é provável que o deslocamento contínuo a situação econômica e a falta de capacidade das instituições estatais permaneçam um dos principais motores das necessidades.

Estima-se que 4,5 milhões de pessoas, 14% da população, estão deslocadas, a maioria por conta de desastres naturais e eventos induzidos pelo clima, como secas e inundações.

Segundo o Ocha, a continuação do deslocamento prolongado, pode fazer com que o Iêmen permaneça entre os seis maiores deslocamentos internos do mundo.

Publicado originalmente em ONU News