Gary Lineker, apresentador da rede BBC, será convocado a uma conversa com a diretoria da emissora após comparar a controversa política migratória do Reino Unido com a Alemanha nazista, reportou nesta quarta-feira (8) a agência de notícias Anadolu.
Lineker, que apresenta o programa “Match of the Day”, descreveu como “terrível demais” um projeto de lei que permitiria a detenção e remoção rápida de qualquer indivíduo que entrasse no Reino Unido de maneira irregular.
Um porta-voz da BBC advertiu que o ex-jogador de futebol seria “lembrado de suas responsabilidades” após este afirmar que a linguagem política adotada por Londres “não é muito diferente daquela usada pela Alemanha nos anos de 1930”.
O projeto de lei do governo conservador foi apresentado ao Parlamento na terça-feira (7).
Lineker condenou especificamente a retórica da secretária do Interior, Suella Braverman, sobretudo à parada de barcos de refugiados que tentam atravessar o Canal da Mancha.
Em resposta a um vídeo divulgado por Braverman, tuitou Lineker: “Meu Deus, isso é terrível demais”.
Lineker defendeu seus comentários, que provocaram a ira de alguns políticos conservadores: “Não há grande influxo [de pessoas]. Nós aceitamos muito menos refugiados do que outros países europeus”.
“Esta é apenas uma política imensamente cruel dirigida às pessoas mais vulneráveis, em uma linguagem não muito diferente daquela usada pela Alemanha nos anos de 1930”, acrescentou. “Por acaso, estou errado?”
De acordo com a BBC, Lineker não está sujeito às mesmas políticas de mídia social que repórteres e comentaristas da empresa. Contudo, segundo as informações, o chefe da corporação, Tim Davie, já havia discutido com ele seus comentários online.
O projeto de lei pode permitir a detenção de pessoas por até 28 dias sem fiança ou recurso judicial. Além disso, prevê poderes à Secretaria do Interior para deportar arbitrariamente os refugiados.
Na terça-feira (7), a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) expressou preocupação sobre o assunto: “Caso aprovada, a legislação do Reino Unido seria equivalente a uma proibição de asilo”.