O Instituto Estou Refugiado vai lançar no próximo dia 30 de março, às 18h30, o primeiro volume de sua coleção sobre histórias de pessoas refugiadas. O objetivo é fazer o registro de todas as mais de 120 nacionalidades que compõem o universo de refugiados no Brasil através de narrativas pessoais, conduzidas por profissionais da área e que tragam as diferenças e semelhanças sobre cada história de deslocamento forçado.
Para marcar a comemoração do mês das mulheres, foram escolhidas para compor o primeiro livro da coleção quatro histórias de refugiadas. Entre informações dramáticas e mesmo descontraídas, mas sempre emocionantes, as narrativas acompanham o dia a dia de uma afegã, Mahboba Rezayi; uma moçambicana, Lara Lopes; uma ucraniana, Natalia Moroz; e uma venezuelana, Francis Salazar.
Os desafios enfrentados na partida e na chegada, a decisão de ter que abandonar seus lares, as pessoas que amam e seus pertences, assim como o processo de adaptação aos hábitos e costumes brasileiros fazem parte do repertório de entrevistas. Tudo em uma linguagem leve e envolvente, gerando empatia com as histórias apresentadas.
Segundo Luciana Capobianco, presidente do Instituto Estou Refugiado, a ideia de contar as histórias e trajetórias de refugiados pretende sensibilizar para o drama dessas pessoas, promover inclusão e combater a xenofobia. “É preciso entender que se trata de uma questão humanitária, que envolve mais de 100 milhões de pessoas que foram forçadas a se deslocar em todo o mundo, impactando as relações sociais, econômicas e culturais em todo planeta”, destaca.
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Para Beatriz Nogueira, chefe do escritório de São Paulo da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a primeira edição já traz um recorte específico que deve ser analisando em profundidade. “O olhar sobre o tema das mulheres refugiados é delicado e necessário para apresentar tanto os desafios que elas enfrentam em suas respectivas jornadas de deslocamento, assim como as conquistas que são ainda muito maiores pelos esforços adicionais para se integrarem, justamente por serem mulheres”, afirma.
Os editores decidiram falar de mulheres refugiadas no primeiro livro da coleção por acreditarem que é feminina a principal força motriz da sobrevivência dentre os diferentes perfis de pessoas refugiadas. Uma força de onde, ao mesmo tempo, emana uma sensibilidade capaz de reunir em suas vozes as aspirações dos demais grupos, em suas histórias que retratam o presente, o passado e o futuro que é permanentemente reconstruído.
A edição da primeira obra da série contou com a colaboração dos jornalistas Fernando Guimarães, Flavia Mantovani, Consuelo Dieguez e Gisela Rao nos textos e de alunos do curso de design do IED-Instituto Europeo di Design, sob a orientação dos professores Fabio Silveira e Eliane Weizmann, na criação de capa e diagramação. Este primeiro volume foi patrocinado pela Eternit, com apoio da Lei Rouanet e idealizado por Luciana Maltchik Capobianco, fundadora da ONG Estou Refugiado.
O livro será lançado na próxima quinta-feira, dia 30 de março, às 18h30, no Civi-co – Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros, São Paulo. Às 19h00 haverá uma roda de conversa com as mulheres refugiadas, conduzida pelas jornalistas Consuelo Dieguez e Flavia Mantovani. Participam do evento aria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR de São Paulo, e Luciana Maltchik Capobianco, fundadora do Estou Refugiado, coautora e organizadora da publicação.
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Publicado originalmente em ACNUR