Autoridades tunisianas transferiram Rached Ghannouchi, chefe do partido Ennahda, da prisão ao Centro de Detenção El-Aouina, sob responsabilidade da Guarda Nacional, para comparecer a uma audiência junto à Unidade de Contraterrorismo, após ser registrado uma nova acusação contra o político oposicionista.
A defesa de Ghannouchi não foi informada sobre a que se refere o caso.
O novo inquérito sucede uma campanha internacional contra a prisão de Ghannouchi, incluindo manifestações do Reino Unido, Estados Unidos, França e Alemanha.
“Parece que, após revelarem as acusações pela qual foi preso, com evidente motivação política e baseadas em falas distorcidas, as autoridades buscam sabotar a onda global de repúdio sobre a prisão de Ghannouchi e solidariedade, ao fabricar alegações de terrorismo”, disse uma fonte à rede Arabi21.
Soumaya Ghannouchi, filha do político veterano, tuitou: “Após falharem em convencer o público das acusações de incitação à violência, golpistas fabricam acusações contra meu pai; dessa vez, ligadas a terrorismo. Este processo em curso precisa ser exposto”.
Na manhã de quinta-feira (20), a Corte de Primeira Instância de Túnis deferiu um mandado de prisão contra Ghannouchi por declarações “provocativas”
Em sua página do Facebook, Ghannouchi respondeu: “A vida toda daquele que crê é boa, o que é bom é o que Deus escolhe para nós. Digam o que quiserem. Seus decretos valem apenas para esta vida terrena. Tenho esperanças no futuro”.
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Doze pessoas – incluindo Ghannouchi – foram acusadas de “cometer conspiração para atacar a segurança interna do Estado, conduzir uma investida para mudar o sistema de governo e incitar o povo contra si próprio”.
Ghannouchi foi preso um dia após um evento na sede da Frente de Salvação Nacional, no qual afirmou haver uma “incapacidade intelectual e ideológica na Tunísia que cria alicerces para uma guerra civil, pois a Tunísia sem este ou aquele partido, sem o Ennahda, sem o Islã político, sem a esquerda, é nada mais que um projeto de guerra civil”.
Ghannouchi era chefe do parlamento até o presidente Kais Saied destituir a câmara por decreto, em uma série de medidas descritas pela oposição como golpe de estado.