Os países árabes estão entre os fornecedores de alimentos do Brasil. No ano passado, o mercado brasileiro importou US$ 12,8 bilhões em produtos alimentícios e bebidas, dos quais US$ 117,7 milhões vieram do mundo árabe, segundo levantamento do Departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O percentual de participação ainda é baixo, 0,9% do total, mas os exportadores de alimentos da região enxergam no Brasil um mercado gigantesco e estão cada vez mais interessados em abocanhar uma fatia desse consumo com seus produtos, que vão deazeites a tâmaras.
A diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe, Silvana Gomes, afirma que os produtos árabes significam para distribuidores e varejistas uma possibilidade de inserir novidades no mercado brasileiro e são alternativas às marcas já tradicionais e saturadas.
Ela acredita no crescimento do consumo de alimentos árabes no Brasil nos próximos, com os brasileiros viajando cada vez mais a turismo aos países árabes, conhecendo seus costumes alimentares e querendo encontrar os produtos experimentados na região no seu País.
Gomes cita as dietas do Mediterrâneo ganhando popularidade no Brasil, assim como as refeições saudáveis, das quais muitos produtos árabes, como tâmaras e os azeites, fazem parte.
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Entre os países árabes, o maior fornecedor de alimentos do Brasil é o Marrocos, com mais da metade de tudo o que o País compra da região, ou 53,57%, seguido por Egito, com 28,37%, Omã, com 12,27%,Tunísia, com 3,99%, Líbano, com 0,82%,Emirados Árabes Unidos, com 0,57%, Palestina, com 0,24%, Somália, com 0,06%, Sudão, com 0,05%, e outras nações, com 0,06%.
Em alimentos, o Brasil compra dos árabes principalmente sardinhas congeladas, que são 64% do total. Mas também representam um percentual importante as azeitonas, com 8%, e as laranjas, com 6%. A gama de importados da região inclui ainda sementes de anis, tâmaras, ervas medicinais, morangos, conservas, azeite de oliva, alho e cebolas.
O Brasil consumidor
Com sua população de 214 milhões de habitantes, o Brasil tem consumo de US$ 184,5 bilhões ao ano em alimentos e bebidas. Isso faz com que, apesar da gigantesca produção doméstica de alimentos, haja espaço também para os importados no mercado nacional. Atualmente, as importações representam 7% do consumo de alimentos entre os brasileiros.
O levantamento da Câmara Árabe, que tem por base dados do governo brasileiro e da consultoria Statista, mostra que atualmente o grande fornecedor internacional de alimentos do Brasil é a Argentina, com 31% do total que o País importa na área, seguida por Paraguai, com 11%, e pelo Chile, com 10%. Em seguida vêm Uruguai e Indonésia.
O Brasil compra no exterior principalmente trigo, peixes congelados, malte, milho, vinhos, leites, óleos vegetais, azeite de dendê, vegetais em conserva e arroz.
Gomes dá algumas dicas aos importadores árabes interessados nesse mercado. Ela afirma que o grande consumo de alimentos no Brasil está nos grandes centros urbanos e se dá por meio de grandes redes de supermercados, mas que há também uma demanda regional, no interior do País, e em outros canais de venda, como os empórios, o e-commerce, o food service, o pequeno varejo e o atacarejo, que são os supermercados que vendem tanto no atacado como no varejo.
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Para quem atua no mercado de produtos mais premium, a diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe recomenda a exploração do varejo online, onde há grande saída desses produtos, mas também colocar as mercadorias em empórios, que se constituem num importante local de marketing para as marcas.
O fornecimento árabe
Gomes lembra que a participação árabe no mercado brasileiro de alimentos vem avançando nos últimos anos, baseada principalmente no trabalho de apresentação da demanda nacional aos exportadores da região. No começo da última década, a exportação árabe de alimentos ao Brasil estava na casa dos US$ 50 milhões. Hoje é superior a US$ 100 milhões.
Em 2019, a Câmara Árabe começou um trabalho de internacionalização, com a abertura do seu primeiro escritório no exterior, em Dubai, e depois a inauguração do segundo, em 2021, no Cairo, Egito, assim passando a associar também empresários árabes, e auxiliá-los na exploração de oportunidades no mercado brasileiro, inclusive o de alimentos. A instituição também fornece o serviço de consultoria especializada no mercado foco das empresas.
Publicado originalmente em ANBA