Altos funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram choque diante dos crescentes relatos de violência de gênero no Sudão assolado pela guerra. Segundo a agência de notícias Anadolu, as 11 semanas de conflito registraram um surto de agressões sexuais contra mulheres e meninas em situação de refúgio ou deslocamento interno.
Em uníssono, o Escritório de Direitos Humanos, o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONU-Mulheres reivindicaram o fim imediato da violência sexual como tática de guerra.
“É inaceitável que mulheres e crianças do Sudão, cujas vidas foram arrasadas por um conflito sem sentido, sofram ainda mais traumas dessa maneira”, disse o chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths. “O que presenciamos não é apenas uma crise humanitária; é uma crise de humanidade”.
O chefe de direitos humanos, Volker Turk, reiterou que as vítimas carecem de apoio médico e psicossocial adequado após tamanha brutalidade. “Deve haver tolerância zero à violência sexual”, reafirmou.
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As agências reivindicaram investigações urgentes, detalhadas e independentes sobre todas as violações de direitos humanos e da lei internacional, para levar os responsáveis à justiça.
Mais de três milhões de mulheres e meninas no Sudão viviam sob ameaça de violência de gênero em 15 de abril, quando eclodiram os combates, segundo as Nações Unidas. O índice, desde então, subiu a cerca de 4.2 milhões de pessoas.
Em um único ataque, por exemplo, vinte mulheres foram estupradas, segundo o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas no país norte-africano.