Um total de 951 refugiados faleceram a caminho da Espanha no primeiro semestre de 2023, segundo relatório publicado nesta quinta-feira (6) pela organização Walking Borders.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
As vítimas têm origem em 14 países, entre os quais, Síria, Marrocos, Congo, Sudão e mesmo Sri Lanka. Ao menos 778 refugiados faleceram nas águas do Atlântico rumo às ilhas Canárias, em 19 embarcações. A rota é uma das mais perigosas do mundo.
Conforme o relatório, trinta e seis pessoas morreram em junho no caminho entre Marrocos e Espanha. Seu bote à deriva solicitou socorro por 10 horas sem resposta, apesar da Guarda Costeira europeia estar a menos de uma hora de distância.
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“Passamos horas esperando, implorando, chamando a todos – a Guarda Costeira espanhola, a Marinha marroquina, todos – ninguém veio”, relatou uma das vítimas, identificada apenas como F.B.. “As crianças choravam, estavam com sede. Eu vi gente morrer na minha frente, eu vi gente caindo no mar”.
“Quando a ajuda chegou, era tarde demais. Os marroquinos jogaram a gente no deserto. Eu tive queimaduras e sofri uma infecção – graças a Deus, estou vivo. Só nos resta Deus quando todo o mundo quer nos matar”, acrescentou seu relato.
A ong requereu oficialmente uma investigação sobre eventual negligência no caso.
Apesar de o Ministério do Interior em Madri reportar queda de 20% nas chegadas às ilhas Canárias no último ano, a Walking Borders reiterou que a mortalidade continua a mesma.
“Políticas de morte nas fronteiras estão em vigor há tempo demais”, alertou Helena Malena Garzón, diretora da ong. “Detectamos também aumento da impunidade diante das taxas de mortalidade, o que deixa vítimas e familiares sem justiça ou indenização”.
Além dos que morreram a caminho das ilhas Canárias, outros 50 faleceram no estreito de Gibraltar e ao menos 123 no Mar Mediterrâneo.
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