Mais uma vez, o mundo testemunhou em um estado de demência e cumplicidade a escalada de violência, bombardeios com destruição e mortes perpetrados pelo estado terrorista de ‘Israel’ nos territórios palestinos ocupados. Desta vez, foi contra Jenin, uma das cidades palestinas mais antigas do mundo e mencionada no Antigo Testamento.
Em Jenin encontra-se um dos maiores campos de refugiados palestinos, estabelecido pela ONU em 1953 para abrigar os palestinos expulsos durante a Nakba (catástrofe) e vindos de outras regiões, após terem sido expulsos de suas casas e terras pelas milícias sionistas. No campo, mais de 24 mil palestinos expropriados vivem, sobrevivendo e resistindo ao cerco da ocupação colonial israelense.
Sob o pretexto desgastado de “desarmar terroristas”, ‘Israel’ direcionou uma extensa ofensiva militar ao campo de refugiados de Jenin, mobilizando mais de 1.000 soldados, conforme relatado por meios internacionais. Essa operação incluiu uma incursão terrestre que teve início na segunda-feira (3).
Durante os três dias de ataques, ‘Israel’ utilizou todo o seu arsenal de guerra (exceto as ogivas nucleares adquiridas de traficantes de armas), incluindo os modernos aviões de guerra fornecidos pelos EUA, contra civis palestinos desarmados e vivendo abaixo da linha da pobreza. Os bombardeios causaram sérios danos à infraestrutura de Jenin, resultando na destruição de residências, escolas, hospitais, mesquitas e ruas do campo de refugiados.
Conforme a triste realidade, os militares israelenses mais uma vez direcionaram seus ataques contra crianças, mulheres e idosos do campo de refugiados, com o objetivo de infligir o maior número possível de mortes e ferimentos. Para alcançar esse objetivo, as forças israelenses bloquearam o acesso de ambulâncias às vítimas, impedindo a prestação de primeiros socorros. Além disso, ocuparam as entradas dos hospitais para impedir o resgate dos feridos.
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O que ocorreu em Jenin por parte de ‘Israel’ foi, mais uma vez, um massacre, pois não há equilíbrio de forças que permita denominar a situação como “guerra” ou “conflito” na Palestina ocupada. ‘Israel’ é um enclave com tecnologia militar avançada, apoiado e protegido pelos EUA, que anualmente direciona mais de US$ 5 bilhões em ajuda militar incondicional. Além disso, ‘Israel’ é protegido de qualquer responsabilização por seus crimes no Conselho de Segurança da ONU.
O saldo desse massacre resultou no martírio de 13 palestinos, incluindo 5 crianças, além de dezenas de feridos e centenas de famílias sendo obrigadas a deixar suas casas para que colonos judeus possam ocupá-las, perpetuando assim um processo contínuo de Nakba desde 1948. Somente da Ucrânia, “Israel” já trouxe mais de 100 mil colonos judeus, que se unem aos grupos terroristas existentes para hostilizar, agredir e expulsar as famílias palestinas de suas residências.
É lamentável, mas previsível, que a mídia hegemônica e seus “comentaristas”, incluindo indivíduos com interesses alinhados aos sionistas, tenha direcionado sua atenção a Jenin para afirmar que ‘Israel’ estava apenas reagindo às supostas ameaças e ao perigo de ataques por parte dos “terroristas palestinos” que estariam se escondendo no campo de refugiados. Essa narrativa tendenciosa visa justificar as ações agressivas de ‘Israel’ e desviar a atenção do verdadeiro impacto humano e das injustiças que ocorrem na região.
De fato, essas tentativas de distorcer a realidade fazem parte do projeto dos colonizadores sionistas, buscando manipular informações e associar os palestinos ao terrorismo, com o objetivo de legitimar a ocupação dos judeus europeus sobre a terra palestina. No entanto, é evidente que ‘Israel’ está perdendo sua credibilidade e as pessoas estão cada vez mais descrentes em relação às suas versões e notícias falsas usadas para encobrir a violência colonialista e racista na Palestina. A verdade está se tornando cada vez mais evidente para o mundo, e a resistência contra a ocupação ilegal continua a se fortalecer.
O regime de apartheid israelense, baseado na supremacia judaica, nega os direitos civis básicos a milhões de palestinos que vivem na Cisjordânia, Faixa de Gaza e nos territórios atribuídos a Israel desde 1948. Essa negação de direitos é justificada de forma ilegítima sob o pretexto da “segurança de Israel”. Essa política colonialista é sustentada por uma cortina de fumaça que promove a segregação em vários níveis, independentemente da localização dos indivíduos, simplesmente com base em sua identidade como árabes-palestinos e não judeus.
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Ao final, o odioso ataque contra Jenin mais uma vez demonstra o fracasso de ‘Israel’ diante da resistência palestina. Fica evidente que é improvável que ‘Israel’ saia vitorioso em novos confrontos contra os palestinos. A tenacidade e determinação da resistência palestina continuam a desafiar as políticas opressivas de ‘Israel’ e a revelar a vulnerabilidade de seu projeto de ocupação e opressão.
É inegável o crescente sentimento de impopularidade de ‘Israel’ ao redor do mundo. Esse sentimento é amplificado pela crise interna que se intensificou com a formação de um governo de extrema-direita, liderado pelo corrupto e criminoso de guerra Benjamin Netanyahu, juntamente com ministros fascistas. Importantes cidades ao redor do mundo têm testemunhado manifestações de apoio à causa palestina e um claro repúdio às ações do Estado terrorista de ‘Israel’ e ao regime sionista fascista que o governa. Essas manifestações refletem a crescente conscientização global sobre as violações dos direitos humanos e a opressão sistemática enfrentada pelo povo palestino.
Os crimes de guerra, crimes contra a humanidade e ataques criminosos cometidos por ‘Israel’ em Gaza, Jerusalém, Hebron e outras regiões ocupadas estão sendo investigados pelo Tribunal Penal Internacional (Haia). Além disso, a decisão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas de abrir uma investigação sobre os abusos de ‘Israel’ nos territórios palestinos ocupados reforça ainda mais essa questão.
Outro aspecto importante que contribui para o fortalecimento das forças de resistência palestinas, lideradas pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, são as mudanças na geopolítica regional, como a retomada das relações entre a Arábia Saudita e o Irã, mediada pela China. Essas mudanças têm resultado em avanços significativos, como o fim da guerra no Iêmen e o retorno da Síria à Liga Árabe, além do restabelecimento das relações com vários países da região.
‘Israel’ está ciente de que enfrenta dificuldades em vencer novos confrontos contra as forças de resistência palestinas, independentemente do terreno. Enquanto isso, a resistência continua a se expandir pelos territórios palestinos, incluindo a Cisjordânia e as áreas atribuídas a Israel após 1948. O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) emerge como uma das forças políticas palestinas mais importantes, com potencial de obter vitória nas próximas eleições palestinas.
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