Um grupo de cineastas de renome internacional pediu a remoção de seus filmes do Festival de Cinema de Jerusalém, entre outros eventos organizados pela ocupação israelense.
Entre os peticionários, estão a neozelandesa Jane Campion, ganhadora do Oscar de Melhor Direção por Ataque dos Cães (The Power of the Dog, 2021), e a diretora e roteirista basca Estibaliz Urresola Solaguren.
O Festival de Cinema de Jerusalém encerrou-se no sábado (22).
O longa-metragem inaugural de Campion (Sweetie, Austrália, 1989) seria exibido como parte da mostra de filmes clássicos do festival. Solagurem estaria presente com 20.000 especies de abejas (Espanha, 2023), que estreou em fevereiro no Festival de Berlim.
Segundo a Campanha Palestina por Boicote Acadêmico e Cultural a Israel (PACBI), ao menos quatro outros diretores do País Basco, Reino Unido e Estados Unidos anunciaram boicote ao evento, realizado em parceria com o Ministério da Cultura do Estado ocupante.
James Schamus – produtor e roteirista indicado ao Oscar por O Tigre e o Dragão (2000) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005), conhecido por sua parceria com o diretor taiwanês Ang Lee – exaltou a demonstração de solidariedade de seus pares.
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“No ano passado, [a atriz] Emma Watson falou a um grupo cada vez maior de profissionais da cultura solidários ao povo palestino quando disse ‘solidariedade é um verbo’”, comentou Schamus. “Neste verão, enquanto o mundo vê o governo de Israel intensificar seus ataques e seus esforços para expropriar os palestinos de Jerusalém, cineastas corajosos decidiram levar esse lema em seu coração”.
Este ano marcou a 40ª edição do festival. Em meio aos protestos de massa em Israel contra a reforma judicial do governo do premiê Benjamin Netanyahu, parte do público ressoou gritos por “democracia” durante a cerimônia de abertura.
O evento contou com a presença do presidente israelense, Isaac Herzog, reportou a revista de cinema Screen Daily.
“Em um momento no qual os palestinos sofrem de maneira incomensurável sob o governo israelense mais fanático e abertamente racista da história, tais ações de solidariedade serão profundamente apreciadas por palestinos de todo o mundo”, reiterou a PACBI.
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“Os cineastas estão agindo onde governos – entre os quais, a Nova Zelândia – fracassaram, moral e politicamente, uma e outra vez, em responsabilizar Israel por seus reiterados crimes contra o povo palestino”, acrescentou a campanha.
“Trata-se de uma luta similar àquela contra o apartheid na África do Sul nas décadas de 1970 e 1980, quando associações da sociedade civil de todo o planeta, incluindo a Nova Zelândia, levaram as ações para muito além do país, a medida que governos do Ocidente agiam como cúmplices ou lavavam suas mãos”.