As colheitas de uvas na Faixa de Gaza sitiada foram afetadas pelos recordes de calor e pela falta de chuvas que assola a região, deixando os camponeses palestinos ainda mais preocupados com sua subsistência.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Vinhedos cobrem boa parte das terras agrárias de Gaza. As uvas, no entanto, são particularmente sensíveis às variações do clima e, como em todo o mundo, há razão para se preocupar.
Ibrahim Abu Owayyed é de uma família de pequenos agricultores, cujo vinhedo foi herdado de seu pai e, antes dele, seu avô. Sua colheita desabou de cinco toneladas de uvas na temporada passada para apenas 1.5 toneladas.
“Isso é quase nada”, lamentou Abu Owayyed. “As uvas são nossa única fonte de renda. Nós e nossas crianças dependemos delas. O calor e as mudanças no clima prejudicam tudo”.
A produção em 2023 caiu 60% comparada ao ano anterior, fechando as contas em somente quatro mil toneladas de insumos agrícolas, reportou o ministro responsável, Mohammad Abu Odeh. As uvas, contudo, continuam entre os quatro principais produtos de Gaza.
LEIA: Verão na Cisjordânia: colonos enchem piscinas, palestinos passam sede
“O aumento nas temperaturas também levou a doenças, que impactaram a já baixa produção e aumentaram os custos aos fazendeiros”, comentou Odeh, ao indicar os galhos secos de uma videira em uma plantação situada na zona costeira.
Ao menos mil camponeses trabalham em 1.730 acres de terras destinados à produção de uvas, segundo o ministério sob gestão do Hamas no território sitiado.
O problema, porém, não para nas uvas. As mudanças climáticas ameaçam toda a segurança alimentar de Gaza, que abriga 2.3 milhões de pessoas sob severo bloqueio militar estabelecido por Egito e Israel.
Abu Owayyed, pai de sete e fazendeiro há 25 anos, observou que o custo dos pesticidas dobrou no último ano.
O bloqueio de 16 anos destruiu a economia de Gaza, ao impedir a livre circulação de bens e pessoas para além da fronteira.
Além disso, a baixa produção resultou em aumento nos preços das uvas, explicou Khamees Shamalakh, de 75 anos, em sua pequena barraca instalada em uma das praças mais movimentadas da Cidade de Gaza, capital do território.
“A situação no país é péssima. As pessoas não têm renda”, destacou Shamalakh. “Quem costumava comprar três ou quatro quilos agora só compra um”.
LEIA: Líderes palestinos discutem esforços para romper cerco a Gaza