Milhares de pessoas mudaram-se para a Armênia, provenientes da Região Econômica de Karabakh, no Azerbaijão, no espaço de apenas alguns dias, incluindo muitos idosos, mulheres e crianças.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na terça-feira que estava “muito preocupado” com o deslocamento.
Apoio aos milhares de refugiados
Segundo a agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, mais de 50 mil refugiados da região de Karabakh chegaram na Armênia e os números aumentam a cada hora. O Acnur informou que está enviando itens de auxílio.
O alto comissário para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que a entidade está pronta para mobilizar recursos adicionais “para apoiar os esforços humanitários do governo e do povo da Armênia.”
O Acnur está apoiando refugiados em centros de registro estabelecidos pelo governo armênio. O apoio consiste em oferecer aos refugiados abrigo, comida e itens básicos.
Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira, o porta voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, disse que a ONU está em comunicação com o governo do Azerbaijão sobre questões relacionadas com o respeito pelo direito humanitário internacional, a proteção de civis e os princípios humanitários.
Medo de violência baseada em identidade
Ele também sinalizou uma declaração emitida na quarta-feira pela conselheira especial para a Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu.
Segundo Dujarric, ela reiterou forte preocupação com a situação atual na região do Sul do Cáucaso e disse que “as imagens de pessoas que partem devido ao medo da violência baseada na identidade são muito alarmantes”
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Nderitu apelou para que “todos os esforços sejam feitos” para garantir a proteção e os direitos humanos da população étnica armênia que permanece na área e daqueles que partiram.
Também nesta quarta-feira, o relator especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias*, Tidball-Binz, afirmou que o Azerbaijão deve “garantir os direitos dos armênios de Karabakh e assegurar que as vidas de civis e pessoas detidas sejam respeitadas e protegidas de acordo com obrigações internacionais.”
Necessidade por investigações imparciais
Ele disse ainda que o país “deve investigar pronta e independentemente supostas ou suspeitas de violações do direito à vida relatadas no contexto de sua mais recente ofensiva militar em Karabakh, durante a qual dezenas de pessoas, incluindo forças de manutenção da paz, foram mortas”.
Tidball-Binz disse que as investigações devem ser conduzidas de acordo com os padrões internacionais, em particular o Manual Revisado da ONU sobre a Prevenção e Investigação Eficazes de Execuções Extralegais, Arbitrárias e Sumárias, também conhecido como Protocolo de Minnesota.
O documento exige que as investigações sejam realizadas rapidamente e sejam completas, completas, independentes, imparciais e transparentes, disse ele.
* Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.
Publicado originalmente em ONU News