Manifestantes enfrentaram as forças de segurança no inquieto sudeste do Irã na sexta-feira para marcar o aniversário de uma repressão de 30 de setembro de 2022 pelas forças de segurança conhecida como “Sexta-feira Sangrenta”, de acordo com grupos de direitos humanos e vídeos de mídia social, relata a Reuters.
Vídeos postados na plataforma X pelo grupo Iran Human Rights (IHR) mostraram manifestantes confrontando as forças de segurança em Zahedan, capital da província do sudeste do Sistão-Baluchistão, enquanto sons aparentes de tiros eram ouvidos.
O IHR e o grupo de direitos dos Baluches, Hal Vash, disseram que pelo menos 23 pessoas ficaram feridas. A Reuters não pôde verificar o relatório ou a autenticidade dos vídeos.
Os protestos continuaram durante a noite, com vários vídeos postados on-line que mostram manifestantes ateando fogo em pneus para bloquear ruas em Zahedan.
O promotor de Zahedan havia dito anteriormente que a cidade estava calma e que os vídeos mostrando os feridos eram antigos, informou a agência de notícias estatal, IRNA. A agência de notícias semioficial, Tasnim, disse que a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar “algumas pessoas que se reuniram e estavam jogando pedras nas forças de segurança”.
LEIA: Para conter ataques russos, Ucrânia sugere ataque a fábricas de drones na Síria e no Irã
Na repressão de 30 de setembro, as forças de segurança mataram pelo menos 66 pessoas, de acordo com a Anistia Internacional. As autoridades acusaram os manifestantes, irritados com o suposto estupro de uma menina da minoria Baluch por um comandante da polícia, de provocar os confrontos.
O monitor de Internet, Netblocks, relatou uma “interrupção significativa” da Internet em Zahedan na sexta-feira, dizendo que as autoridades haviam “desligado sistematicamente as telecomunicações para suprimir os protestos semanais contra o governo”.
Molavi Abdolhamid, o clérigo sunita mais proeminente do Irã e um crítico de longa data dos líderes xiitas de Teerã, exigiu justiça para as vítimas da repressão de 30 de setembro.
“A exigência do povo no ano passado foi que aqueles que cometeram esse crime fossem levados à justiça islâmica… mas os juízes não têm independência no Irã”, disse Abdolhamid em um sermão publicado on-line.
O Sistão-Baluchistão, que faz fronteira com o Paquistão e o Afeganistão, é uma das províncias mais pobres do Irã e uma importante rota de tráfico de drogas.
Grupos de direitos humanos dizem que a minoria Baluch, estimada em até 2 milhões de pessoas, tem enfrentado discriminação e repressão por décadas. O Irã diz que desenvolver a região e resolver seus problemas é uma “questão séria” para o governo.
Zahedan também tem sido palco de protestos semanais desde uma onda de agitação nacional desencadeada no ano passado pela morte de uma jovem curda sob custódia da polícia da moralidade que abalou a República Islâmica.
LEIA: Quarto militar do Bahrein morre após ataque de drone próximo à fronteira com a Arábia Saudita