A Rússia esclareceu nesta sexta-feira (27) a sua posição ao convite feito a uma delegação do Movimento de Resistência Islâmica Hamas para visitar Moscou, explicando que mantém canais de comunicação com todas as partes no conflito Israel-Palestina.
Essa declaração surgiu depois de Israel ter expressado o seu descontentamento com o convite de Moscou ao Hamas e descrito a visita como “obscena”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a delegação se reuniu com representantes do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, mas não se encontrou com o presidente Vladimir Putin. Peskov sublinhou que Moscou continuará o seu diálogo com Israel.
Peskov transmitiu aos repórteres: “Acreditamos que é necessário continuar os contatos com todas as partes e, claro, continuaremos o nosso diálogo com Israel”.
As relações russas no Médio Oriente incluem todos os principais partidos, incluindo Israel, Irã, Hamas e Autoridade Palestiniana (AP), que tem autoridade limitada apenas na Cisjordânia ocupada.
A Embaixada da Rússia em Israel emitiu um comunicado no qual reiterou o apelo a um cessar-fogo imediato, à libertação de todos os detidos pelo Hamas e à entrega de ajuda humanitária aos residentes da Faixa de Gaza, que Israel bombardeia intensamente, matando mais de 7.000 palestinos, em preparação para uma esperada invasão terrestre.
A Rússia atribui repetidamente a atual crise ao fracasso da diplomacia dos EUA.
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Israel instou Moscou a demitir a delegação do Hamas e prometeu eliminar o movimento em resposta a um ataque lançado pelos seus combatentes em 7 de outubro.
Entretanto, o jornal russo Kommersant citou uma declaração de um membro da delegação do Hamas na qual afirma que o movimento não libertaria os detidos até que fosse alcançado um acordo de cessar-fogo.
O jornal citou o mesmo membro dizendo que o Hamas precisa de tempo para determinar a localização de todos aqueles transferidos por várias facções palestinas de Israel para Gaza durante o ataque de 7 de outubro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia condenou as tentativas de acusar a Rússia de apoiar o “terrorismo” no contexto da sua comunicação no Oriente Médio para contribuir para a resolução do conflito Israel-Palestina.
A Embaixada da Rússia em Tel Aviv anunciou em uma declaração oficial que “as tentativas de acusar a Rússia de apoiar o terrorismo no contexto da interação de Moscou no Médio Oriente são inaceitáveis e o lado russo condena qualquer violência contra civis de qualquer lado”.
A declaração acrescentava: “A posição da Rússia é consistente, permanece inalterada e tem sido repetidamente confirmada a todos os níveis. Condenamos veementemente a utilização de métodos terroristas, incluindo o assassinato de civis, a tomada de reféns de mulheres, idosos e crianças, que devem ser libertados. Consideramos inaceitável a manifestação de qualquer forma de violência contra a população civil, independentemente de qual lado esteja”.
“Consideramos absolutamente inaceitáveis quaisquer tentativas de nos acusar de apoiar o terrorismo e, assim, distorcer e corroer as nossas abordagens fundamentais, bem como lançar dúvidas sobre o trabalho proposital do nosso país para resolver tarefas humanitárias primárias que vão ao encontro dos interesses dos cidadãos da Rússia, Israel, Palestina e de outros países”, sublinhou o comunicado.
A missão confirmou que as comunicações russas no Oriente Médio centram-se principalmente na libertação dos capturados em Gaza.
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