O movimento palestino Hamas contestou um anúncio do governo israelense de que uma prisioneira de guerra, capturada enquanto agente militar em 7 de outubro, fora libertada pela forças ocupantes.
“No que concerne as alegações dos terroristas israelenses sobre a libertação de uma oficial feminina do exército ocupante, podemos confirmar que se trata de distração sobre o vídeo de prisioneiras divulgado pelas Brigadas al-Qassam [braço militar do Hamas], que chocou a narrativa da comunidade sionista”, declarou Izzat al-Rishq, membro do gabinete político do grupo de resistência.
“As alegações são uma tentativa de fugir da pressão que a questão dos prisioneiros de guerra representa a Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] e seu governo”, reiterou al-Rishq.
A matéria de fato gerou crise interna em Israel, com troca de acusações entre o premiê e os serviços de segurança sobre os culpados. No fim de semana, Netanyahu sentiu-se forçado a deletar um tuíte no qual responsabilizou a comunidade de inteligência.
“Ninguém mais acredita nas falsas narrativas da ocupação sionista e mesmo a comunidade sionista já não acredita mais em seus líderes”, acrescentou.
Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, reafirmou: “A ocupação não terá seus prisioneiros exceto por meio de um acordo de troca que inclua todos os nossos prisioneiros”.
O oficial palestino destacou que Israel alega lutar para libertar seus reféns, mas impõe risco a suas vidas ao conduzir ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza.
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Estima-se cerca de 150 prisioneiros de guerra israelenses, entre colonos e soldados, retidos em Gaza, contra cerca de cinco mil palestinos mantidos nas cadeias da ocupação, a maioria sem julgamento ou sequer acusação — “reféns” por definição.
Netanyahu afirmou ter resgatado Uri Magedish sob coordenação do exército e do serviço de inteligência interna Shin Bet. “A oficial foi examinada por médicos, está em boas condições e se encontrou com sua família”, declarou o premiê.
A alegação sucedeu um vídeo divulgado pelos grupos de resistência no qual três mulheres israelenses, em vestes árabes, sem quaisquer sinais de abuso, criticam o governo por abandoná-las, ao culpar seu gabinete pelo incidente que incorreu em sua captura em primeiro lugar.
No fim de semana, o exército israelense intensificou sua ofensiva desde 7 de outubro, perpetrada em retaliação a uma ação de resistência que cruzou a fronteira.
Ao promover a escalada, Netanyahu reforçou a retórica desumanizante de seu gabinete e suas Forças Armadas, ao declarar uma “guerra santa” contra as “crianças das trevas”.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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