Prisioneiros palestinos na infame penitenciária israelense de Megiddo são submetidos a tortura e abusos físicos e verbais, além de privados de necessidades básicas, até mesmo alimentação, reportou o Clube dos Prisioneiros Palestinos, ong que monitora os direitos humanos dos presos políticos nos territórios ocupados.
Um prisioneiro recém-liberado de Megiddo deu um testemunho assustador à associação, nesta quinta-feira (9), após ser detido arbitrariamente na aldeia de Qabatiya, no norte da Cisjordânia ocupada, e coagido a entregar seu sobrinho às forças israelenses.
Em seu relato, o homem confirma que os soldados e carcereiros costumam arrastar os presos pelo chão e espancá-los, ao ordená-los que beijem a bandeira de Israel. Caso se recusem, sofrem brutal agressão física.
“Quando cheguei em Megiddo, pensei que estava em Abu Ghraib. Se não fosse por minha fé, teria perdido a cabeça”, declarou a vítima, em alusão ao infame centro de detenção de Abu Ghraib no Iraque, onde forças dos Estados Unidos foram flagradas torturando presos.
“Os prisioneiros são submetidos a espancamento severo, muitas vezes com golpes a suas partes íntimas, além de abuso e insulto”, prosseguiu seu relato. “Eles também negam aos presos quaisquer cuidados médicos a seus ferimentos”.
“Há também superlotação, com 11 a 18 presos em uma única cela”, reiterou. “A maioria dorme no chão, sem sequer cobertores”.
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“Eles dão apenas duas refeições por dia para cada cela, com um ovo cozido e um pouco de batatas, mas não é suficiente para matar a fome. Somos forçados a jejuar, a poupar comida para que as crianças e os mais jovens possam comer”, acrescentou, ao reportar a detenção ilegal de menores de idade, também assediados pelas forças de Israel.
Todas as posses são apreendidas, incluindo sapatos e dinheiro, e os prisioneiros são deixados com a roupa do corpo.
Israel mantém bombardeios ininterruptos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 10.812 mortos até então, entre os quais 4.412 crianças e 2.916 mulheres, além de ao menos 26.475 feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.
A campanha israelense é retaliação a uma operação de resistência do grupo Hamas, que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados. O movimento palestino justificou suas ações por recordes de agressão colonial em Jerusalém e Cisjordânia, além de 17 anos de cerco militar a Gaza.
Na Cisjordânia ocupada, foram mortos 163 palestinos em apenas um mês, junto de uma campanha de detenção em massa que resultou em 2.280 novos prisioneiros — em vasta maioria, sem julgamento ou sequer acusação; reféns, por definição.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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