Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), alertou que a rota escolhida por Israel em Gaza não conquistará a paz, mas sim levará a uma nova geração de palestinos oprimidos.
Em editorial publicado nesta quinta-feira (9), Lazzarini pediu o “fim dos massacres” contra Gaza, ao reiterar que “mais de 700 mil pessoas estão vivendo em 150 prédios da UNRWA” em todo o enclave, “cinquenta dos quais, incluindo escolas, danificados” pelos ataques de Israel. Ao menos 99 funcionários da UNRWA foram mortos.
“Para muitos palestinos, este êxodo é remanescente do deslocamento original de mais de 700 mil pessoas de suas cidades e aldeias em 1948, evento conhecido como Nakba — em árabe, ‘catástrofe’. Eles leem histórias de um documento do governo israelense sugerindo que sejam expulsos ao Sinai. Seus temores se comprovam ao ouvir políticos chamando os palestinos de Gaza de ‘animais humanos’ — linguagem desumanizante que penso não ter ouvido antes no século XXI”.
“Destruir bairros inteiros não é a resposta aos crimes hediondos cometidos pelo Hamas”, insistiu o oficial da ONU, em referência a uma operação de resistência realizada em 7 de outubro, que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados.
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“Ao contrário, ações como essas estão criando uma nova geração de palestinos oprimidos, que possivelmente darão sequência ao ciclo de violência”, prosseguiu, ao ecoar alertas do general Charles Q. Brown, assessor militar do presidente americano, Joe Biden, e chefe do Conselho Conjunto do Estado-Maior dos Estados Unidos.
“Essa carnificina precisa acabar”, concluiu Lazzarini.
Israel mantém bombardeios ininterruptos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 10.812 mortos até então, entre os quais 4.412 crianças e 2.916 mulheres, além de ao menos 26.475 feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.