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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

África do Sul busca justiça para a Faixa de Gaza

Protesto pró-Palestina em Soweto, na África do Sul, em 16 de dezembro de 2023 [Laird Forbes/Gallo Images via Getty Images]

O Movimento Internacional por um Mundo Justo (Just) saúda o governo da África do Sul por requisitar do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que emita um mandado urgente segundo o qual Israel viola suas obrigações sob a Convenção de Genebra de 1948, ao perpetrar seu assassinato em massa dos palestinos de Gaza. Israel, diz a denúncia, tenta por meio de seu implacável bombardeio contra vidas e posses, destruir a comunidade e a identidade do povo palestino “em todo ou em parte”, como flagrante violação da Convenção para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

Até 7 de janeiro, ao menos 22.835 palestinos haviam sido mortos pelas tropas da ocupação israelense na Faixa de Gaza sitiada. Dentre as vítimas, cerca de dez mil são crianças e sete mil são mulheres.

O acesso a alimentos, água, combustível, eletricidade e remédios foi reduzido drasticamente pelas autoridades de Israel desde o advento de sua mais intensa agressão ao território, três meses atrás. Uma parcela bastante considerável da população civil enfrenta a possibilidade apavorante de morrer de fome.

Hospitais, escolas e outras amenidades públicas, junto à maior parte da infraestrutura civil, foram destruídas. Gaza se tornou ruínas. Uma pequena faixa de terra, com apenas 363 km², convertida em amontoados de escombros praticamente inabitáveis.

O massacre deliberado, indiscriminado e bárbaro do povo palestino e a destruição colossal causada por Israel convenceu muitas pessoas, até então alheias à situação, de que o ocorre na Faixa de Gaza é de fato um genocídio — uma continuidade da limpeza étnica cujas raízes remontam à Nakba, ou “catástrofe”, de 1948, com a criação do Estado colonial de Israel. O genocídio contra os palestinos, devemos dizer, está em curso há 75 anos.

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Muito antes dos eventos de 7 de outubro, Gaza estava sob cerco militar por ar, mar e terra. O embargo israelense teve início em 2006, como forma de punir tanto o eleitorado palestino — seja na Cisjordânia ou Gaza — como de rejeitar o vencedor do pleito, isto é, o movimento de resistência Hamas. Observadores independentes, vale notar, monitoraram e confirmaram o resultado das eleições legislativas de 2006, incluindo especialistas dos Estados Unidos e da União Europeia que reafirmaram: foi um pleito livre, justo e democrático. No entanto, foi um resultado que Israel e seus aliados não queriam que ocorresse. A resposta — o cerco amplo e destrutivo contra Gaza — expôs a verdadeira face do Estado de Israel: longe de ser a única democracia da região, como líderes ocidentais costumam dizer, mas sim um esforço faccioso de governança que não se compromete com sequer um dedo de princípios democráticos. As eleições palestinas não apenas removeram a civilizada máscara de Israel, como revelaram traços hediondos da fachada democrática de seus aliados, Europa e Estados Unidos, que se prontificaram a apoiar o devastador embargo a Gaza.

Este não foi o fim da história. A partir de 2008 e 2009, Gaza passou a ser submetida a várias ofensivas militares, ora regulares ora arbitrárias, por parte de Israel.

A “guerra” em curso é a sexta. Qualquer tentativa do povo de Gaza de obter direitos básicos e legítimos tem como resposta repressão brutal pelo Estado de apartheid. Gaza jamais pôde desenvolver sua própria economia, o que explica os índices assustadores de pobreza, além de um desemprego que excede 60% da população adulta — muito embora muitos jovens, apesar do cerco, tenham concluído seus estudos ao longo da vida.

Sua população de quase 2.4 milhões de pessoas torna Gaza uma das áreas mais densamente povoadas do planeta. Como se não bastasse, a maioria de sua população é composta por refugiados ou descendentes diretos dos refugiados expulsos durante a Nakba de 1948, sob a destruição deliberada de mais de 500 cidades e aldeias.

Cada vez mais pessoas se solidarizam e expressam seu apoio ao povo palestino. Isso se deve, em particular, ao fato de que os eventos nos últimos meses levaram muitas delas a conhecer melhor o contexto por trás da situação em Gaza. Os massacres crudelíssimos de Israel contra bebês recém-nascidos se tornaram um espantoso resumo do que ocorre há 75 anos, no que é descrito como a Nakba ainda em curso. As 153 nações que reivindicaram um cessar-fogo imediato em Gaza e na Cisjordânia durante votação na Assembleia Geral da ONU em 12 de dezembro refletem a apreensão global sobre o sofrimento do povo palestino. Aqueles que votaram contra ou se abstiveram deviam ter vergonha.

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A África do Sul está na vanguarda dessa preocupação há décadas. Os líderes do país após a queda do regime de apartheid estão entre os mais eloquentes no Sul Global a denunciar os crimes e a desumanidade imposta por Israel ao povo palestino. Nelson Mandela e Desmond Tutu perceberam tão logo que a discriminação e marginalização dos palestinos nativos eram irmãs do apartheid e, portanto, um crime contra a humanidade. Mandela descreveu a luta por libertação e autodeterminação do povo palestino como um dos maiores desafios morais da atualidade e chegou a observar em mais de uma ocasião: “Sabemos muito bem que a liberdade do povo africano jamais será completa sem a libertação do povo palestino”.

Em parte, se deve a aprender com sua experiência sob apartheid que os líderes e o povo da África do Sul mantêm seu apoio à causa palestina. Outras nações no Sul Global deveriam se juntar ao eixo de solidariedade. De fato, já que a justiça repousa no coração da luta do povo palestino, já que se trata de uma causa tão universal, que nos inspiremos: que o exemplo da África do Sul inspire povos e governos em todo mundo para agir.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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