Mais de uma dezena de estudantes apontaram nesta segunda-feira (29) que a Universidade de Harvard, consagrada instituição americana, deixou de protegê-los de assédio e ameaças devido “unicamente” a seu posicionamento pró-Palestina.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O Fundo Legal da Comunidade Islâmica na América registrou uma queixa junto ao Escritório de Direitos Civis da Secretaria de Educação dos Estados Unidos em nome dos alunos, ao exigir um inquérito sobre as ações e omissões da reitoria de Harvard.
Grupos de direitos humanos alertam para uma escalada na islamofobia e racismo antipalestino, em particular, nos Estados Unidos, desde a deflagração da guerra israelense a Gaza. Além disso, judeus antissionistas, um grupo crescente no país, são vítimas de antissemitismo não apenas de figuras de extrema-direita, como mesmo liberais sionistas e sua própria comunidade.
Dentre os incidentes mais graves, está o ataque a tiros, em novembro, contra três estudantes de descendência palestina, em Vermont, e o assassinato a facadas de um menino de seis anos em Illinois, ainda no mês de outubro.
Estudantes de Harvard denunciam “assédio, intimidação, ameaças e outros abusos, unicamente por serem palestinos, árabes, muçulmanos ou apoiadores dos direitos palestinos”.
A queixa confirma ataques racistas, perseguição online e mesmo nas ruas e casos de agressão, em particular contra indivíduos que usam keffiyeh, tradicional lenço palestino.
Um porta-voz da universidade se recusou a comentar a denúncia nesta segunda-feira, ao alegar apenas que a instituição tem recursos disponíveis para conferir apoio a seus alunos.
Na sexta-feira (26), após meses de discriminação no campus, Harvard enfim anunciou a criação de uma força tarefa para combater a islamofobia e o viés anti-árabe.
Universidades em todo o país vivem tensões à medida que grupos sionistas — dentre os quais, indivíduos doadores — buscam silenciar o ativismo pró-Palestina. Estudantes sionistas insistem sofrer antissemitismo ao apontar para símbolos palestinos, embora ignorem ameaças materiais de supremacistas brancos que desfilam com ícones nazistas.
No início de janeiro, Claudine Gay — primeira mulher negra a presidir Harvard — foi obrigada a renunciar sob pressão do lobby sionista, por se recusar a expressar apoio direto à campanha de Israel durante um testemunho ao Congresso.
Estudantes pró-Palestina indicam ainda que Harvard ameaçou “restringir ou retrair suas futuras oportunidades acadêmicas” caso insistam em suas reivindicações por cessar-fogo.
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Alguns dos alunos têm família em Gaza.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 26.750 mortos e 65.636 feridos — em maioria, mulheres e crianças. Estima-se dez mil desaparecidos sob os escombros.
Nas últimas 24 horas, foram 114 palestinos e 249 feridos, reportou o Ministério da Saúde.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.