Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram alarde nesta segunda-feira (19) sobre “alegações críveis” de violações graves de direitos humanos vivenciadas por meninas e mulheres palestinas na Cisjordânia e Faixa de Gaza.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Mulheres e meninas palestinas são, conforme os relatos, executadas arbitrariamente em Gaza, muitas vezes junto de familiares, incluindo seus filhos”, lamentou o grupo de pesquisadoras em comunicado, ao manifestar “choque” sobre os ataques deliberados perpetrados por Israel.
Dentre as experts estão Reem Alsalem, relatora especial sobre a Violência de Gênero; Francesca Albanese, relatora especial para os Territórios Palestinos Ocupados; além do grupo de trabalho composto por Dorothy Estrada Tanck, Claudia Flores, Ivana Krstić, Haina Lu e Laura Nyirinkindi, estabelecimento para combater a discriminação contra mulheres e meninas.
As experts reafirmaram que as violações incluem prisões arbitrárias e execuções extrajudiciais contra centenas de civis, incluindo em áreas onde mulheres e meninas buscam refúgio. Entre as vítimas, estão jornalistas, ativistas e trabalhadoras humanitárias de Gaza e Cisjordânia.
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“Em ao menos uma ocasião, mulheres palestinas abduzidas [por Israel] em Gaza foram detidas em uma espécie de jaula ao relento, sob frio e chuva, sem sequer comida”, afirmou a nota. “Nos preocupa particularmente relatos de mulheres e meninas palestinas submetidas a várias formas de assédio sexual enquanto em custódia, incluindo revistadas nuas por soldados de Israel”.
Relatos de tratamento desumano ou degradante são comuns, incluindo mulheres detidas sem acesso a absorventes, medicamentos e mesmo comida.
Muitas vítimas reportam ainda agressão física.
“Fotos de prisioneiras mulheres em circunstâncias degradantes são registradas por forças da ocupação e compartilhadas online”, acrescentou o painel das Nações Unidas.
As especialistas expressaram apreensão ainda de que não há conhecimento público do número exato de mulheres e crianças palestinas em custódia de Israel, consideradas desaparecidas.
“Há informações perturbadoras de ao menos uma menina transferida à força a Israel e crianças separadas de seus pais, cujos paradeiros continuam desconhecidos”, alertou o grupo.
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“Lembramos o governo de Israel de suas obrigações para com o direito à vida, saúde, dignidade e segurança das mulheres e meninas palestinas, para que ninguém seja sujeita a violência, maus tratos, tortura ou humilhação, incluindo agressão sexual”.
Duas mulheres palestinas denunciaram estupro por parte de agentes coloniais em Gaza; outras dezenas reportaram ameaça de estupro e violência sexual.
As especialistas reivindicaram então uma investigação independente, célere e detalhada sobre a matéria, ao instar a colaboração de Tel Aviv.
“Juntos, esses atos relatados podem constituir graves violações da lei humanitária e de direitos humanos internacional, incluindo graves infrações penais passíveis de punição sob o Estatuto de Roma”, concluiu a delegação da ONU.
A credibilidade das denúncias, junto a evidências de tortura nos centros de detenção de Israel, contrasta com alegações israelenses de estupro supostamente cometido durante a operação do Hamas que atravessou a fronteira, em 7 de outubro de 2023, jamais corroboradas por detalhes, testemunhas ou provas.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 29.092 mortos e 69.028 feridos — na maioria, mulheres e crianças.
Em torno de 70% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída pela varredura norte-sul realizada pelas forças ocupantes. Hospitais, escolas, abrigos e mesmo rotas de fuga não foram poupadas. Dois milhões de pessoas foram desabrigadas.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.