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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Mercado de tâmaras de Israel teme boicote durante o Ramadã

Protesto contra o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, após declarações a favor da destruição da aldeia palestina de Huwara, durante evento com sua participação no Hotel Grand Hyatt em Washington DC, em 12 de março de 2023 [Celal Günes/Agência Anadolu]

A guerra israelense a Gaza se mostrou um novo empecilho ao comércio de tâmaras produzidas pelo Estado ocupante no mercado europeu, em particular, à medida que se aproxima o mês do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, segundo informações da rede Middle East Eye.

O Ramadã deste ano ocorre entre 10 de março e 8 de abril.

Cerca de um terço das exportações de tâmaras produzidas por Israel transcorrem durante o mês islâmico, mas receios de boicote levaram a esforço para encobrir as raízes coloniais do produto. Conforme o jornal Haaretz, uma campanha publicitária de US$550 mil foi engavetada devido às apreensões do mercado.

Esforços de boicote a produtos israelenses nas comunidades islâmicas bateram recordes devido ao genocídio cometido na Faixa de Gaza. “Qualquer um que vá ao mercado e vê ‘Made in Israel’ pensará duas vezes”, comentou um empresário ligado à indústria ao jornal Haaretz.

“Uma grande parte das tâmaras são vendidas durante o Ramadã”, prosseguiu. “Se conseguirem comprar de outra pessoa, certamente vão tentar nos punir”.

Prejuízo

Nos anos recentes, a campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra a ocupação israelense nos territórios palestinos ganhou nova tração. Marcas como Starbucks e McDonald’s registraram perdas inéditas nos últimos meses em particular.

Dada a importância das tâmaras nos ritos islâmicos do Ramadã, muitos muçulmanos relataram esforços para um consumo mais ético. O movimento de BDS, por sua vez, busca conscientizar o público sobre a origem dos produtos. Para os ativistas, é essencial checar as embalagens.

“Há organizações que entram nos supermercados da Europa, onde há tâmaras da nossa marca, para colocar adesivos que acusam os consumidores de ‘colaborar com o genocídio’”, lamentou um produtor à reportagem.

A Campanha de Solidariedade Palestina (CSP) alerta que a maior parte das tâmaras israelenses têm origem nos assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada.

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Israel é um dos maiores exportadores de tâmaras no mundo. O impacto do boicote no setor de produção agrícola pode ser considerável, sobretudo em um momento de retração da economia israelense diante de medidas de austeridade a favor da guerra.

A exportação das tâmaras israelenses chegou a US$338 milhões em 2022, comparado a US$432 milhões da soma de todos os outros frutos, segundo dados do Ministério da Agricultura.

A exportação de tâmaras à Turquia desabou pela metade desde outubro — impacto substancial considerando que o país representa 10% do mercado de tâmaras de Israel.

Para reagir ao boicote, produtores israelenses buscam alterar os rótulos junto a distribuidores. A medida é ilegal em diversos países, ao violar direitos à informação dos consumidores.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 30 mil mortos e 70 mil feridos, em maioria mulheres e crianças. São ainda dois milhões de desabrigados.

As ações israelenses são crime de guerra e genocídio.

LEIA: Apesar de toda a hipocrisia, o desinvestimento em Israel ainda é possível e essencial para acabar com o apartheid

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