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Extremistas hindus atacam estudantes na Índia por preces do Ramadã

Muçulmanos realizam suas preces na primeira sexta-feira do Ramadã, na Mesquita de Sunehri, em Nova Delhi, na Índia, em 15 de março de 2024 [Imtiyaz Khan/Agência Anadolu]
Muçulmanos realizam suas preces na primeira sexta-feira do Ramadã, na Mesquita de Sunehri, em Nova Delhi, na Índia, em 15 de março de 2024 [Imtiyaz Khan/Agência Anadolu]

Ao menos quatro estudantes foram feridos após extremistas hindus invadirem um alojamento universitário no estado de Gujarat, no oeste da Índia, enquanto as vítimas realizavam suas orações para o mês islâmico do Ramadã. As informações são da agência Al Jazeera.

O Ministério de Relações Exteriores da Índia prometeu no domingo (17) tomar “medidas rigorosas contra os perpetradores”. A polícia do estado alegou abrir uma investigação sobre o crime, cometido na Universidade de Gujarat, na cidade de Ahmedabad.

O incidente ocorreu na noite de sábado (16).

Gujarat é também colégio eleitoral do primeiro-ministro Narendra Modi, cujo governo — segundo analistas — encoraja ataques à minoria islâmica no país.

Um grupo de 15 alunos se reuniu na noite de sábado (16) em suas acomodações no dormitório masculino, para realizar suas preces do tarawih, na ausência de uma mesquita dentro do campus ou em seus arredores.

Pouco depois, uma turba armada com facas e bastões invadiu o abrigo, atacou os estudantes e vandalizou seus quartos. Segundo as vítimas, os criminosos gritavam palavras de ordem utilizadas por extremistas hindus, em violenta objeção às preces islâmicas.

Um estudante afegão deu seu relato sobre o incidente à televisão local: “Eles nos atacaram dentro e fora dos quartos. Quebraram notebooks, celulares e bicicletas”.

Vídeos compartilhados na rede social X (Twitter) registraram dormitórios destruídos.

“Não podemos viver assim”, disse outro universitário, em vídeo gravado no momento do ataque. “Viemos à Índia para estudar, mas estamos sendo atacados somente por nossas preces do Ramadã. Estão quebrando tudo no andar de baixo”.

Segundo o website Indian Express, dois alunos foram gravemente feridos e transferidos a hospitais da região. Entre as vítimas, havia cidadãos do Afeganistão, Uzbequistão, Bangladesh, Sri Lanka e diversos países africanos.

A polícia de Ahmedabad confirmou o incidente: “Ontem, em torno das 22h30, um grupo de estudantes conduzia suas preces. Cerca de 20 a 25 pessoas vieram e perguntaram por que não iam orar em uma mesquita. Um tumulto eclodiu e os quartos foram vandalizados”.

Cinco pessoas foram presas até então.

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Segundo Randhit Jaiswal, porta-voz da chancelaria indiana, dois estrangeiros foram feridos e levados a um hospital, mas receberam alta desde então.

Asaduddin Owaisi, deputado da cidade meridional de Hyderabad, instou Modi e seu ministro do Interior, Amit Shah, a “intervir para enviar uma mensagem forte” aos perpetradores.

“É uma vergonha”, tuitou Owaisi. “Palavras de fé e devoção proferidas somente para reprimir muçulmanos que praticam pacificamente sua religião. A islamofobia em nosso país está destruindo a boa vontade para com a Índia”.

Grupos ultranacionalistas instam as autoridades a proibir preces islâmicas em áreas comuns. No início de março, um policial da capital Nova Delhi foi suspenso após chutar um cidadão muçulmano que orava na beira de uma estrada.

Neerja Gupta, vice-reitor da Universidade de Gujarat, desviou a responsabilidade às vítimas, ao afirmar à imprensa que alunos de cidadania estrangeira têm de ser treinados no que caracterizou como “sensibilidade cultural” nos países anfitriões.

“Se você vai ao exterior, tem de aprender sensibilidade cultural”, insistiu Gupta. “Esses estudantes precisam de orientação. Vamos reuni-los para lhes dar a devida orientação em termos de cultura e discutir, portanto, como fortalecer sua segurança”.

Islamofobia: Tendência global

O Ramadã deste ano — mês de festividades islâmicas, no qual fiéis jejuam do nascer ao pôr do sol — coincide com um pico global de islamofobia. Na Índia, a situação se agrava há anos, mediante a ascensão política de grupos hindus ultranacionalistas.

No Reino Unido, invasões a mesquitas incitaram receios de segurança por parte da comunidade islâmica. Segundo a organização Tell MAMA, que monitora crimes de ódio contra os muçulmanos, incidentes islamofóbicos mais do que triplicaram no país nos últimos cinco meses, no contexto do genocídio israelense em Gaza.

Em resposta à agência Anadolu sobre medidas para o Ramadã, a Polícia Metropolitana de Londres alegou trabalhar de perto com as comunidades islâmica e judaica desde 7 de outubro.

Analistas, no entanto, alertam que instituições de poder no Reino Unido — assim como no restante da Europa — parecem enviesadas a encobrir crimes de islamofobia.

Violações incluem ataques contra indivíduos ou grupos, pessoalmente ou online, motivados por discriminação racial ou religiosa.

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