A intenção da França de usar a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para financiar projetos nas regiões disputadas do Saara Ocidental é uma medida “provocativa”, informou a mídia estatal argelina no domingo, citando uma declaração do Ministério da Informação do Saara Ocidental, segundo a Reuters.
O Marrocos considera o Saara Ocidental seu próprio território, mas um movimento de independência apoiado pela Argélia exige um Estado soberano.
“Esta é uma escalada perigosa da posição hostil da França em relação ao povo saharaui”, disse a declaração do Ministério, acrescentando que o plano da França “representa um apoio explícito à ocupação ilegal do Marrocos de partes do Saara Ocidental”.
A declaração veio depois que o ministro do Comércio Exterior da França, Franck Riester, visitou o Marrocos na semana passada.
“A renovação das relações franco-marroquinas envolverá novas pontes entre nossos setores privados”, postou Riester no X durante sua visita.
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De acordo com um artigo do jornal francês Le Monde, Riester indicou que a AFD, por meio de seu braço de financiamento do setor privado, a Proparco, poderia ajudar a financiar um projeto envolvendo uma linha de alta tensão entre Dakhla, capital do Saara Ocidental, e a cidade portuária marroquina de Casablanca.
“O governo saharaui apela mais uma vez a todos os países do mundo e aos setores público e privado para que se abstenham de realizar qualquer atividade de qualquer tipo no território nacional saharaui”, disse a declaração do Ministério da Informação do Sahara Ocidental.
O Marrocos tomou a maior parte do Saara Ocidental da Espanha colonial em 1975. Isso deu início a uma guerra com a Frente Polisário do povo saarauí, que afirma que o território desértico no noroeste da África lhe pertence.
As Nações Unidas intermediaram um cessar-fogo em 1991 e enviaram uma missão para ajudar a organizar um referendo sobre o futuro do território, mas os lados estão em um impasse desde então.
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