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Irã descarta indícios de sabotagem no acidente de Raisi, dá início ao processo eleitoral

Comício em memória do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, após sua morte em um acidente de helicóptero, na periferia de Beirute, no Líbano, 24 de maio de 2024 [Anwar Amro/AFP via Getty Images]

O Departamento Geral do Irã confirmou não ter achado evidências de sabotagem ou ingerência eletrônica no acidente de helicóptero que matou o então presidente do país, Ebrahim Raisi, em 19 de maio. O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (29) pela imprensa estatal.

A investigação analisou documentos e registros de reparo e manutenção do helicóptero, porém não encontrou erros ou defeitos que poderiam causar o acidente.

Segundo as informações, durante a toda a missão, até 69 segundos antes da queda, foi mantida comunicação com a aeronave, o que descarta qualquer interrupção de frequência.

O relatório observou, no entanto, que as condições previstas no Aeroporto de Tabriz, ponto de partida, até o primeiro e segundo destinos eram favoráveis e adequadas a voo, conforme as leis e normas vigentes.

Especialistas tampouco encontraram indícios de guerra eletrônica.

O clima no caminho de volta, todavia, demanda maior inquirição, após depoimentos dos pilotos e passageiros dos dois helicópteros que acompanhavam a comitiva. O mau tempo na região de montanhas, com espessa névoa, delongou o resgate dos corpos.

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Em 20 de maio, a televisão iraniana anunciou a morte de Raisi — incumbente ultraconservador, próximo do Supremo Líder, aiatolá Ali Khamenei — e o ministro de Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, além da delegação que os acompanhava.

O acidente ocorreu na noite anterior na província iraniana de Azerbaijão Oriental, no retorno do presidente à capital após a inauguração de uma represa na fronteira azeri.

Malek Rahmati, governador da província de Tabriz, e Muhammad Ali Hashem, imã da mesquita homônima, também faleceram no acidente, além de dois oficiais da Guarda Revolucionária e os três tripulantes da aeronave.

Eleições

Khamenei nomeou interinamente o primeiro vice-presidente Mohammad Mokhber a chefe do Executivo desde então, até eleições antecipadas conforme a Constituição do Irã. O pleito estava previsto para 2025, mas foi abreviado a 28 de junho diante da vacância presidencial.

O Irã deu início nesta quinta-feira (30) ao registro formal de candidatos à presidência, com prazo de cinco dias, sujeitos a avaliação do aiatolá Khamenei.

A mídia iraniana estima 30 candidatos em potencial, embora “nenhum deles tenha cumprido as condições básicas de qualificação” até o momento.

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A agência de notícias AFP reportou o registro do deputado reformista Mostafa Kavakebian e seu colega conservador Mohammadreza Sabaghian, junto ao Ministério do Interior.

Candidatos em potencial incluem Saeed Jalili, político conservador que chefiou negociações da pauta nuclear sob o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, e Mohsen Hashemi Rafsanjani, filho do ex-mandatário Akbar Hashemi Rafsanjani.

Mokhber, o presidente interion, também pode entrar na corrida.

A lista final será anunciada em 11 de junho pelo chamado Conselho Guardião, comitê composto por 12 juristas avalizados por Khamenei. Em 2021, quando Raisi venceu as eleições, a comissão indeferiu a candidatura de diversas figuras reformistas.

Na ocasião, houve recorde negativo no comparecimento às urnas, com 48.8% dos eleitores.

A votação de junho coincide com um contexto turbulento, com o genocídio em Gaza e ataques de Israel aos países vizinhos, incluindo um bombardeio ao consulado iraniano em Damasco que levou a retaliação inédita por parte de Teerã.

Tensões sobre o programa nuclear iraniano também se mantêm altas, sobretudo às vésperas da eleição presidencial nos Estados Unidos em novembro, disputada entre o incumbente Joe Biden e seu antecessor, Donald Trump — particularmente hostil à república islâmica.

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