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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Parlamentares dos EUA convidam Netanyahu a discursar no Capitólio

Protesto pró-Palestina em frente ao Capitólio, sede do legislativo americano, em Washington DC, 18 de maio de 2024 [Celal Günes/Agência Anadolu]

Os principais legisladores dos Estados Unidos emitiram um convite formal ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para discursar no plenário, como forma de reafirmar seu apoio à campanha militar em Gaza.

O convite emitido nesta sexta-feira (31) envolveu os líderes do Partido Republicano e Democrata do Senado e da Câmara dos Representantes — respectivamente, Mike Johnson, presidente do Congresso, Hakeem Jeffries, Mitch McConnell e Chuck Schumer.

Segundo a declaração: “Para avançar em nosso relacionamento duradouro e reforçar o apoio da América a Israel, convidamos o senhor a compartilhar as visões de seu governo sobre defesa da democracia, combate ao terror e paz duradoura na região”.

Não há data marcada para o discurso até então.

Caso aceite, Netanyahu suplantará o falecido premiê britânico Winston Churchill como liderança estrangeira que mais discursou no Capitólio. Ambos estão empatados em três ocasiões.

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Netanyahu, assim como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enfrentam pressão interna devido à campanha em Gaza.

O regime de Netanyahu desafiou sucessivos alertas ocidentais — inclusive de Washington — ao invadir e bombardear a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, onde 1.5 milhão de refugiados estão abrigados.

Um bombardeio israelense a um campo de refugiados no último domingo (24) renovou o fôlego dos atos antiguerra, após viralizarem imagens particularmente gráficas — entre as quais, corpos carbonizados de crianças.

O Congresso americano, no entanto, manteve seu apoio resoluto a Israel, salvo alguns políticos da chamada ala progressista do Partido Democrata.

O convite parlamentar causou indignação em alguns ativistas solidários à causa palestina. A atriz Cynthia Nixon, por exemplo, marcou Schumer nas redes sociais ao questionar se o premiê pode ser preso no plenário, por seus crimes de guerra.

Mais cedo, na sexta-feira, Biden disse que Israel havia proposto um novo acordo de cessar-fogo “duradouro” e troca de prisioneiros — apesar de forte ceticismo.

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Para o analista político palestino-americano Omar Baddar, “Biden entende que arrastar a guerra para além das eleições [em 5 de novembro] não vai funcionar para sua campanha. É algo que o prejudica bastante e penso que é por isso que decidiu enfim assumir a dianteira”.

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 36 mil mortos, 80 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Entre os mortos, 15 mil são crianças.

Biden jamais oscilou em seu apoio político e militar a Israel, incluindo bilhões de dólares e vetos no Conselho de Segurança, apesar de protestos estudantis por todo país e recordes de rejeição, diante de uma dura campanha eleitoral na qual volta a enfrentar Donald Trump.

Biden chegou a alertar que invadir Rafah seria uma “linha vermelha” a seu governo; no entanto, pareceu recuar diante da consolidação dos fatos.

Uma pesquisa desta semana revelou que Biden desfruta do apoio de menos de 20% de eleitores árabe-americanos, grupo crucial nos chamados “swing states”, isto é, sem definição partidária, que podem decidir o pleito.

A votação está marcada para 5 de novembro. A prorrogação da guerra em Gaza — por mais sete meses, conforme Tzachi Hanegbi, assessor de Segurança Nacional de Israel — deve certamente impactar os resultados eleitorais do Partido Democrata.

As ações israelenses em Gaza são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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