O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, insistiu que seu país reconhece igualmente Israel e Palestina, ao pedir um fim da ofensiva a Gaza e seguimento da solução de dois Estados.
Durante a Conferência de Diálogo de Shangri-La, em Singapura, neste domingo (2), Zelensky foi questionado por um jornalista sobre seu persistente apoio a Tel Aviv, sobretudo após a eclosão do genocídio em Gaza, desde outubro do último ano.
Sob invasão da Rússia desde fevereiro de 2022, Zelensky — populista de direita eleito em 2019 — vivencia sucessivas derrotas tanto em campo quanto na arena internacional, à medida que a crise na Faixa de Gaza tomou as manchetes nos últimos oito meses.
Zelensky alegou ofertar ajuda para a atenuar a crise em Gaza, sob cerco absoluto israelense há oito meses — sem comida, água, combustível ou medicamentos.
Contudo, insistiu: “Terroristas do Hamas [sic] atacaram civis em Israel, então Israel tem o direito de se defender [sic]”.
LEIA: Há uma grande diferença entre resistência legítima e terrorismo
A criminalização de Zelensky sobre o movimento palestino contradiz a lei internacional, que vê a resistência em todas as suas formas — inclusive a resistência armada, seja em Gaza ou Ucrânia — como legítima.
Zelensky afirmou que a posição de seu governo é “respeitar a lei internacional”.
“A Ucrânia reconhece ambos os Estados, tanto Israel como Palestina, e faremos tudo que possa estar em nosso poder para convencer Israel a parar, dar fim ao conflito e evitar o sofrimento de civis”, acrescentou o presidente.
Zelensky então descreveu a Ucrânia como “apenas um país [que] adere às leis internacionais e à Carta da ONU”.
O presidente do Estado europeu tomado por trincheiras declarou ainda ter convidado ambos os lados — israelenses e palestinos — a uma cúpula global de paz prevista para 15 e 16 de junho, em Burgenstock, na Suíça.
Os ataques israelenses a Gaza deixaram 32 mil mortos e 80 mil feridos em oito meses, além de dois milhões de desabrigados. Entre as mortes, cerca de 15 mil são crianças.
LEIA: Ataque israelense causa incêndio em Ramallah, soldados assaltam loja de câmbio
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, têm mandados de prisão requeridos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, sob avaliação de uma câmara pré-julgamento.
Caso emitidos oficialmente, os mandados os colocam junto do presidente russo, Vladimir Putin, também sob sanções internacionais.
A Ucrânia, ainda como república soviética, reconheceu a Palestina independente em novembro de 1988. A Palestina, por sua vez, reconheceu a Ucrânia como Estado soberano em fevereiro de 1992, após o colapso da União Soviética.
Outros 140 países reconhecem o Estado da Palestina — mais recentemente, Irlanda, Espanha e Noruega.
As ações israelenses em Gaza são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.