Milhares de policiais israelenses foram transferidos às ruas de Jerusalém ocupada, a partir desta quarta-feira (5), como preparativo para o evento anual da Marcha da Bandeira, no qual colonos supremacistas comemoram a captura de Jerusalém Oriental em 1967, aos cantos de “Morte aos árabes”.
A marcha deste ano coincide com o genocídio conduzido por Israel na Faixa de Gaza sitiada, que se avizinha do nono mês, incitando receios de violência.
Milhares de colonos vestidos com uniformes militares e bandeiras alvicelestes devem tomar as ruas estreitas da Cidade Velha de Jerusalém, sobretudo bairros árabes. Comerciantes palestinos são forçados a fechar suas lojas sob ameaças de crime de ódio.
Um porta-voz da polícia confirmou três mil agentes posicionados em Jerusalém, sob o pretexto de “manter a rotina tanto quanto possível”. Segundo o oficial sionista, “israelenses caminhando com a bandeira não é algo incendiário, somente um feriado nacional”.
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Registros, no entanto, mostram que, ao longo dos anos, policiais e soldados de Israel escoltaram e mesmo participaram da procissão supremacista.
Israel proclama toda Jerusalém, incluindo Jerusalém Oriental, apropriada ilegalmente durante a chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967, como sua “capital eterna e indivisível”, em movimento jamais reconhecido internacionalmente.
Os palestinos denunciam a marcha como provocação flagrante, à medida que colonos tomam as ruas da futura capital de seu Estado, conforme o consenso internacional.
Jerusalém Oriental abriga ainda a Mesquita de Al-Aqsa, um dos lugares mais importantes para o Islã. Colonos fundamentalistas, contudo, reivindicam a demolição da mesquita — Patrimônio da Humanidade conforme a Unesco — para dar lugar a um suposto templo da Antiguidade.
Ataques coloniais em Jerusalém estão entre as razões que levaram o grupo Hamas, radicado em Gaza, a sua ação transfronteiriça de 7 de outubro. Movimentos islâmicos na região alertam para a necessidade de “mobilização geral” diante da Marcha da Bandeira.
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Em 2021, a violência oriunda da marcha contribuiu para o início de uma agressão israelense de dez dias contra Gaza.
A polícia afirmou que o ato não pode rá entrar no “Monte do Templo”, como colonos chamam o complexo de Al-Aqsa. Invasões de supremacistas judeus, no entanto, são corriqueiras.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase nove meses, deixando ao menos 36 mil mortos, 82 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.