O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (6) a imposição de sanções, via decreto presidencial, contra o grupo da resistência palestina conhecido como Toca do Leão, radicado em Nablus, na Cisjordânia ocupada.
As informações são das redes Anadolu e Al Jazeera.
Matt Miller, porta-voz da chancelaria americana, justificou a medida por ataques supostamente conduzidos por militantes do grupo nos territórios ocupados.
Segundo comunicado, em setembro de 2022, um membro do grupo matou e feriu civis durante confrontos entre o núcleo orgânico de resistência nacional e forças de segurança da Autoridade Palestina, que cooperam com a ocupação conforme os termos dos Acordos de Oslo.
Em abril, insistiu Washington, militantes atacaram forças da ocupação em um checkpoint ilegal em Nablus.
Israel acusa ainda militantes do grupo de matarem um soldado em outubro passado.
“Os Estados Unidos condenam quaisquer atos de violência realizados na Cisjordânia, quem quer que sejam os perpetradores, e aplicaremos todas as ferramentas à disposição para expor e levar à justiça aqueles que ameaçam a paz e a estabilidade”, acrescentou a nota.
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As sanções bloqueiam recursos atribuídos ao grupo nos Estados Unidos e proíbem transações.
A ação de Washington, promulgada pelo presidente Joe Biden sem debate no Congresso, parece contrapor a hesitação em torno da violência colonial na Cisjordânia, em particular, no contexto do genocídio em Gaza, com escalada nos pogroms contra cidades e aldeias nativas.
As penalidades foram impostas sob a Ordem Executiva 14.115, deferida por Biden em fevereiro, sob a prerrogativa de adotar um quadro legal de sanções contra colonos. Todavia, pouquíssimos indivíduos foram sancionados desde então.
Nesta semana, o senador democrata Chris Van Hollen sugeriu sanções ao ministro das Finanças Bezalel Smotrich, responsável por instruir a retenção ilegal de impostos da Autoridade Palestina e a expropriação de 800 hectares de terras ocupadas ao Estado de Israel.
Biden, no entanto, contornou a medida para alvejar núcleos palestinos, ao reforçar seu apoio ao regime ocupante, apesar de grave crise interna em plena campanha eleitoral.
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Tropas israelenses conduzem reiteradas invasões a Nablus como forma de punição coletiva, sob o pretexto de buscar suspeitos da Toca dos Leões.
O grupo é constituído sobretudo por jovens locais, com um caráter descentralizado e orgânico, ao refletir o descontentamento popular com a abordagem do partido Fatah e outras instituições tradicionais sobre as demandas por resistência armada na Cisjordânia.
Israel ocupa a Cisjordânia, assim como Jerusalém Oriental, desde 1967.
Nos anos recentes, intensificou ataques à região, na tentativa de transferir compulsoriamente a população para dar lugar a assentamentos israelenses.
Todos os assentamentos e colonos radicados nos territórios ocupados são ilegais conforme a lei internacional. Em contrapartida, os mesmos parâmetros preveem como legítima a resistência à ocupação e à colonização, incluindo a resistência armada.