“O Brasil apela claramente à cessação das hostilidades, à libertação dos reféns, ao acesso sem entraves da ajuda humanitária e à retoma das negociações para uma solução de dois Estados.
“Como o Presidente Lula (Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva) tem repetido frequentemente, o tempo para a concretização do desejo dos palestinos de terem um Estado e de se autodeterminarem já passou há muito tempo”, disse Vieira numa entrevista à Anadolu.
Durante sua visita a Ancara, Vieira afirmou que o objetivo é explorar maneiras novas e criativas de fortalecer os laços entre Ancara e Brasília.
Ele observou que o comércio bilateral atingiu US$ 5 bilhões em 2023 e enfatizou o potencial de crescimento significativo e sustentável.
Vieira destacou a importância de identificar “novas oportunidades por meio do diálogo entre os governos e os setores privados” de ambas as nações.
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Vieira destacou seu encontro com o presidente Recep Tayyip Erdogan e expressou que eles aguardam ansiosamente a visita de Erdogan ao Rio de Janeiro para a Cúpula do G20 em novembro.
Afirmou que a presidência brasileira do G20 este ano dá prioridade ao combate à desigualdade, às alterações climáticas e à reforma da governação mundial.
Vieira saudou a contribuição da Turquia para estas discussões e a sua participação no Grupo de Trabalho do G20 para estabelecer uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Vieira discutiu a sessão do BRICS+ realizada em Nizhny Novgorod, na Rússia, em 11 de junho, salientando que a adição de quatro novos membros (Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos) deu origem a discussões em curso sobre os critérios de expansão no âmbito do BRICS.
“Esta questão foi abordada na reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros em Nizhny Novgorod, onde foi estabelecido um diálogo com os países parceiros convidados pela Presidência russa”, afirmou.
‘Apoio à proposta de cessar-fogo em três etapas’
Vieira lembrou que o Brasil presidia o Conselho de Segurança da ONU durante os ataques de 7 de outubro de 2023.
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“O Brasil foi o primeiro país a propor uma resolução pedindo a cessação dos conflitos, que foi apoiada quase por unanimidade em outubro, mas foi vetada por um dos membros permanentes do Conselho. Agora, estamos entre os países que apoiam a atual proposta de cessar-fogo em três etapas.”
Vieira sublinhou ainda que a resposta de Israel aos ataques em Gaza ultrapassa o direito internacional e deve ser condenada.
Vieira afirmou que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) tem sido muito claro na sua posição sobre a crise humanitária em Gaza e o desrespeito sistemático dos princípios básicos do direito humanitário.
“As medidas provisórias que Israel ainda não implementou também são muito claras. O Brasil apoia as decisões do Tribunal e acompanha de perto as respostas do governo Netanyahu a essas decisões com grande preocupação. Há muito em jogo para toda a humanidade neste caso, e a CIJ está a tratar responsavelmente o caso apresentado pela África do Sul.”
O Presidente Lula sublinhou também que a dimensão da “tragédia humanitária provocada pelo homem” em Gaza é inaceitável.
“A minha visita a Ancara é uma oportunidade para avaliar a situação e os esforços em curso para pôr termo aos conflitos e libertar os reféns como primeiro passo. Estou certo de que ambos os países estão prontos a participar em qualquer atividade construtiva que conduza ao reinício do processo de paz e aos passos necessários para uma solução de dois Estados.”