Um estudo recente realizado pelo Centro de Política e Pesquisa de Campo da Palestina revelou que quase 80% dos palestinos de Gaza reportaram que ao menos um membro de suas famílias foi morto ou ferido pela campanha israelense em curso.
Dois terços mantêm apoio às operações de resistência, incluindo a incursão transfronteiriça de militantes do Hamas em 7 de outubro, e quase 80% creem que a ação, apesar das ramificações, pôs a questão palestina no centro do debate global.
Segundo a pesquisa, “é importante notar que o apoio à resistência, como observamos, não quer dizer necessariamente apoio ao Hamas, tampouco a atos contra civis”. O apoio emana, concluiu o estudo, de “encerrar anos de negligência em âmbito regional e internacional”.
A pesquisa incluiu entrevistados de Cisjordânia e Gaza, salvo aqueles no norte de Gaza, devido a restrições de acesso à região, por conta do cerco e dos bombardeios israelenses.
LEIA: Israel cometeu 3.300 massacres contra Gaza desde 7 de outubro
Respostas indicam que dois terços do público têm esperanças de que o Hamas vença a guerra, embora o número caia a apenas metade na Faixa de Gaza. Além disso, metade dos palestinos de Gaza duvidam que o Hamas retorne ao governo do enclave no pós-guerra.
A pesquisa confirmou ainda aumento nas demandas populares pela renúncia do presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, junto ao crescimento de popularidade do Hamas e de Marwan Barghouti, liderança palestina encarcerada por Israel.
Apelos pela dissolução da Autoridade, estabelecida pelos Acordos de Oslo de 1993, superaram 60% do público.
O estudo corroborou também a queda na confiança na chamada solução de dois Estados, posta pela comunidade internacional, sobretudo em Gaza, paralelamente ao aumento no apoio à luta armada como única alternativa de libertação e sobrevivência.
LEIA: De 120 palestinos em um massacre de Israel, a maioria era de uma única família
Em 7 de outubro, combatentes da resistência palestina cruzaram a fronteira nominal de Gaza e capturaram colonos e soldados. Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O número, no entanto, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz reportar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.
Israel mantém ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza sitiada desde então, deixando ao menos 37.100 mortos e 84.700 feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre os mortos, cerca de 15 mil são crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.