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Combatendo a censura acadêmica sobre a narrativa palestina em solo britânico

Da esquerda para a direita: pesquisadores Brendan Ciaran Browne, Antony Lerman e David Miller em evento do MEMO sobre Censura Acadêmica no Reino Unido, realizado em Londres, em 28 de maio de 2024 [MEMO]

O Monitor do Oriente Médio (MEMO) em Londres realizou em 29 de maio um evento intitulado A censura acadêmica no Reino Unido, com especialistas que debateram os esforços para subjugar a narrativa palestina nas universidades, ao analisar mecanismos e métodos para superar tamanha repressão.

Realizado na Galeria P21 de Londres, o debate contou com a participação de Brendan Ciaran Browne, professor de Resoluções de Conflito no Trinity College de Dublin, alvo recente de censura sobre a Palestina; David Miller, professor e sociólogo britânico com enfoque em propaganda e islamofobia; e Antony Lerman, autor especializado no tema do antissemitismo, junto de Oriente Médio e Israel-Palestina, além de fundador e ex-diretor do Instituto para Pesquisa Política Judaica (JPR).

Miller, demitido da Universidade de Bristol em 2021 por sua análise antissionista sobre a questão palestina, venceu neste ano um caso histórico contra a instituição de ensino. Durante o evento, comentou: “Não pode haver academia sem liberdade de expressão ou de pensamento — sem essas liberdades não pode haver ciência”.

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Miller destacou a luta dos muçulmanos britânicos — assim como muçulmanos em todo o Ocidente, de forma geral —, difamados por alegações frequentes de antissemitismo. Para o especialista na área, “há uma verdadeira guerra contra os muçulmanos … que são, de longe, os mais afetados pela discriminação”.

Miller citou ainda a ideologia sionista e o que descreveu como seu declínio. “Temos de ter a chance de falar sobre o fim do sionismo como uma ideologia”, explicou, ao buscar o que caracterizou como “dessionização” dos campos acadêmicos.

Brendan Ciaran Browne, recentemente “desconvidado” de uma conferência em Viena, capital da Áustria, lamentou que “o impacto dessa censura constitua um estigma”. De acordo com seu relato, “o espaço para acadêmicos alvejados se torna marginalizado — quase como um pária”.

Ao citar as respostas e ramificações legais das acusações caluniosas de antissemitismo, Brendan aconselhou: “Precisamos ir aos nossos sindicatos e dizer que os contratantes têm um dever para conosco. Não é nada razoável que tenhamos de lutar contra as leis e vender nossas casas para combater essas alegações. Precisamos de uma linguagem clara e não podemos ter medo de usá-la”.

Miller corroborou a postura, ao advertir aqueles que se omitem de que “ninguém está seguro das calúnias de antissemitismo”. Para Miller, é possível lutar: “Se puder, tenha ao alcance um advogado voltado a questões de antissemitismo”.

O evento coincide com protestos e acampamentos pró-Palestina que tomaram campi universitários no Reino Unido, Estados Unidos e em todo o mundo — incluindo Brasil. As manifestações pedem fim do genocídio em Gaza e que as universidades desinvistam de empresas ligadas à ocupação e colonização na Palestina.

Algumas instituições responderam com repressão policial, demissões de professores e ameaças de expulsão a seus alunos.

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