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Iranianos vão às urnas em eleições presidenciais antecipadas

Iranianos vão às urnas nas eleições presidenciais antecipadas, em Teerã, 28 de junho de 2024 [Fatemeh Bahrami/Agência Anadolu]

Os iranianos saíram às urnas nesta sexta-feira (28) para eleger seu próximo presidente, após a morte de Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero.

Quatro candidatos continuam na corrida, todos alinhados ao Supremo Líder, aiatolá Ali Khamenei: os conservadores Mohammad Bagher Ghalibaf, presidente do legislativo, e Mostafa Pourmohammadi, ex-ministro da Justiça; o centrista Masoud Pezeshkian, ex-ministro da Saúde e atual deputado; e o candidato linha-dura Saeed Jalili, ex-chefe de negociações nucleares da República Islâmica.

A eleição coincide com uma escalada regional devido ao genocídio israelense em Gaza e a troca de disparos transfronteiriços entre Israel e o grupo Hezbollah, no Líbano, sob receios de propagação da guerra, além de pressão ocidental sobre Teerã em torno de seu avançado programa nuclear.

Em abril, o Irã lançou uma ação inédita contra o território israelense, com centenas de mísseis e drones — em maioria abatidos —, após Tel Aviv explodir o consulado do país islâmico na cidade de Damasco, capital da Síria. Desde então, a morte de Raisi parece ter postergado tensões diretas, embora a situação regional continua volátil.

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As eleições não devem trazer mudanças nas políticas de Estado. Contudo, o resultado pode influenciar a sucessão de Khamenei, de 85 anos, no poder desde 1989.

O aiatolá, de sua parte, pediu comparecimento dos eleitores, a fim de conter uma crise de legitimidade que assola o país, devido a dificuldades econômicas e restrições graves a liberdades políticas e sociais.

“A solidez, força, dignidade e reputação da República Islâmica dependem da presença do povo”, insistiu Khamenei à televisão. “O alto comparecimento é imperativo”.

Apenas 48% do eleitorado registrou seu voto nas eleições ao executivo de 2021, contra 41% no pleito parlamentar de março deste ano — isto é, tendência de queda.

Mais de 61 milhões de cidadãos são elegíveis a votar dentro e fora do país, informou o Ministério do Interior nesta sexta-feira.

Em 20 de maio, a televisão iraniana confirmou a morte de Raisi, mandatário linha-dura cotado para suceder a Khamenei, além de seu ministro de Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, e da delegação que os acompanhava.

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O incidente ocorreu na noite anterior na província iraniana de Azerbaijão Oriental, sob condições de mau tempo na região montanhosa.

Em 29 de maio, uma investigação nacional negou encontrar evidências de sabotagem ou ingerência eletrônica no helicóptero presidencial.

Khamenei nomeou interinamente o primeiro vice-presidente Mohammad Mokhber a chefe do Executivo, até eleições antecipadas conforme a Constituição. O pleito estava previsto para 2025, mas foi abreviado a 28 de junho diante da vacância.

Um órgão alinhado a Khamenei, composto por seis clérigos e seis juristas, é incumbido de vetar os candidatos. Nas eleições em curso, somente seis de 80 requerentes foram aprovados. No entanto, dois candidatos linha-dura deixaram a disputa.

A televisão estatal registrou filas em diversas cidades. As urnas foram abertas às 8h da manhã do horário local (4h30 GMT) e estão previstas para fechar às 18h (14h30 GMT). No entanto, é comum que a votação se estenda até a meia noite.

Segundo as autoridades, o resultado das eleições deve ser anunciado neste sábado, 29 de junho. Caso nenhum candidato consiga mais de 50% dos votos válidos, um segundo turno será realizado entre os dois primeiros colocados na próxima sexta-feira.

Todos os quatro candidatos prometeram restaurar a economia, assolada pelas sanções restabelecidas pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2018, ao revogar um acordo de contenção nuclear assinado em 2015.

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Trump é o candidato republicano nas eleições à Casa Branca, em 20 de novembro. Seu sucessor e adversário democrata, Joe Biden, foi eleito sob promessa de reaver o pacto; contudo, não avançou.

No Irã, o único candidato relativamente reformista é Pezeshkian — entretnato, fiel ao regime teocrata. “Respeitaremos a lei do hijab [véu islâmico]”, disse Pezeshkian, “mas não deve haver comportamento intrusivo ou desumano sobre as mulheres”.

Sua fala parece ecoar as apreensões que tomam o Irã desde setembro de 2022, com a morte da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini, em custódia da polícia de costumes. Sua morte deflagrou uma onda de protestos.

Dissidentes denunciaram as eleições iranianas como “circo” nas redes sociais. Ativistas, sobretudo na diáspora, pediram boicote.

“Os jovens estão sendo castigados. Meninas são mortas nas ruas. Não há como ignorar isso. Depois de tudo que aconteceu, é impensável votar”, reiterou o escritor Shahrzad Afrasheh, de 55 anos.

Nos protestos de 2022 e 2023, ao menos 500 pessoas, incluindo 71 menores de idade, foram mortos pelas forças policiais, além de centenas de feridos e milhares de detidos arbitrariamente, segundo organizações de direitos humanos.

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