Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Adidas ‘revisa’ campanha olímpica com Bella Hadid, recebe críticas por racismo

Modelo palestino-americana Bella Hadid no tapete vermelho da 75ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, na França, 26 de maio de 2022 [Loic Venance/AFP via Getty Images]

A corporação esportiva Adidas emitiu um pedido de desculpas após controvérsia sobre um anúncio protagonizado pela modelo palestino-americana Bella Hadid, no qual veste um tênis inspirado nas Olimpíadas de Munique, em 1972.

A fabricante escolheu Hadid como garota-propaganda de seu recém-lançado SL72, que celebra o 52º aniversário dos jogos na Alemanha, ao revisitar o “cobiçado clássico” da década de 1970.

As Olimpíadas de Munique foram marcadas por uma operação armada que incorreu na morte de 12 atletas e treinadores israelenses.

Stefan Pursche, porta-voz da corporação, comentou a polêmica nesta quinta-feira (18): “Estamos cientes das conexões a serem feitas com esses trágicos eventos históricos — embora completamente não-intencionais — e pedimos desculpas por qualquer trauma ou estresse causado”.

“Como resultado, estamos revisando o restante da campanha”, reiterou. “Acreditamos no esporte como força de união global e manteremos nossos esforços para promover a diversidade e igualdade em tudo que fazemos”.

LEIA: Ocupação de Israel em terras palestinas é ilegal, determina Haia

A supermodelo, cujo pai, o empresário Mohamed Hadid, nasceu na Palestina histórica, é eloquente apoiadora de suas terras ancestrais. Em junho, ela e sua irmã, Gigi Hadid, doaram US$1 milhão em apoio a Gaza, sob genocídio de Israel.

Usuários das redes sociais criticaram a “revisão” da campanha pela Adidas como ato de racismo antipalestino, dado que Hadid e sua família não têm qualquer relação com os incidentes de Munique em 1972.

O jornalista Mehdi Hassan, por exemplo, denunciou postagens de Jonathan Greenblatt, diretor executivo da chamada Liga Antidifamação, grupo de lobby sionista, ao observar: “Culpar as pessoas por crimes de outros que compartilham nada mais que sua raça ou etnia é racismo, pura e simplesmente”.

Outro usuário reiterou: “A Adidas deletou a campanha com Bella Hadid porque preferiu crer nas mentiras descaradas de Israel, contadas sobre ela somente por ser palestina, em vez de defendê-la. Vergonha … Vergonha dos sionistas que apoiam ações voltadas a silenciar Bella e todo seu povo”.

Usuários do Twitter (X) notaram que a controvérsia é reveladora, ao demonstrar a visão desumanizante de Israel sobre os palestinos, ao rotular todos como “terroristas”.

“Não importa se Bella nasceu 25 anos depois das Olimpíadas de 1972 — a veem como responsável simplesmente por ser palestina”, destacou um usuário.

A hesitação da Adidas, no entanto, abriu caminho para renovar os apelos de que Israel seja banido das Olimpíadas de Paris, com início na próxima sexta-feira, 26 de julho, no contexto do genocídio em Gaza, que matou diversos atletas palestinos.

LEIA: Mais de 300 esportistas palestinos foram mortos em Gaza desde outubro

Na semana passada, Shadi Abu-Alarraj, conhecido goleiro de Khan Yunis, foi morto por um massacre israelense em al-Mawasi, designada “zona segura”.

Hadid costuma enfrentar ataques de ideólogos sionistas e trolls de ultradireita devido a seu apoio pela causa palestina e a visibilidade de suas redes sociais, com 59.4 milhões de seguidores apenas no Instagram.

Suas postagens costumam mencionar a história de sua família expulsa da Palestina em 1948, na ocasião da Nakba, ou “catástrofe”, quando foi estabelecido o Estado de Israel mediante limpeza étnica planejada.

Os parentes de Hadid passaram por sucessivos países como refugiados, incluindo Síria, Líbano e Tunísia, até emigrar aos Estados Unidos.

Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza desde 7 de outubro.

LEIA: Ocupação de Israel em terras palestinas é ilegal, determina Haia

O Estado israelense é réu por genocídio no tribunal em Haia, sob denúncia sul-africana, deferida em janeiro. Entre as medidas desacatadas, está a suspensão de sua campanha em Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga hoje até 1.5 milhão de palestinos.

No total, ao menos 38.700 palestinos foram mortos, em maioria, mulheres e crianças, além de 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Categorias
AlemanhaÁsia & AméricasEstados UnidosEuropa & RússiaIsraelNotíciaOrganizações InternacionaisOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments