O novo ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, confirmou que o governo trabalhista de Keir Starmer, recém-empossado, revogará a suspensão no envio de recursos da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), após seis meses de hiato sob acusações facciosas de Israel.
Em sua primeira declaração ao parlamento britânico, o chanceler afirmou que “o Reino Unido liberará £21 milhões [US$27 milhões] ao apoio das operações para salvar vidas em Gaza, ao fornecer serviços básicos na região”.
Os recursos serão destinados às demandas urgentes da UNRWA na Cisjordânia e Gaza, prosseguiu a nota, com enfoque em alimentação, abrigo e outros, para três milhões de refugiados carentes, além de seis milhões na região como um todo.
“Assistência humanitária é uma necessidade moral diante de tamanha catástrofe e são as agências assistenciais que asseguram que nosso apoio chegue aos civis em campo”, comentou Lammy. “A UNRWA é absolutamente central a tais esforços. Nenhuma outra agência pode levar ajuda a Gaza na escala necessária”.
O Reino Unido seguiu a deixa de Washington, em 26 de janeiro — mesma data em que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, acatou a denúncia contra o genocídio israelense —, ao cortar doações a UNRWA, sob alegações israelenses de que 12 dos 30 mil funcionários haviam participado das ações do Hamas em 7 de outubro.
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Israel nunca provou suas alegações, assim como uma investigação das Nações Unidas e forte escrutínio global. A maioria dos países que cortou suas doações meses depois as retomaram.
Sobre as acusações, destacou Lammy: “Reafirmamos que, após a análise independente de Catherine Colonna, confirmou-se que a UNRWA respeita aos mais altos padrões de neutralidade e fortaleceu seus procedimentos, incluindo verificação”.
“A UNRWA agiu; parceiro como Japão, Noruega e União Europeia agiram”, acrescentou o novo ministro. “Nosso governo agirá também”.
Israel busca há anos atacar a UNRWA conforme a prerrogativa de que encerrar as ações da agência seja uma forma de dar fim pauta dos refugiados palestinos, cujo direito de retorno, conforme a lei internacional, é negado há mais de sete décadas
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 38.700 mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados. O cerco israelense gerou uma crise de fome sem precedentes, somada à destruição da infraestrutura.
Hospitais, escolas e abrigos das Nações Unidas não foram poupados.
As ações israelenses são punição coletiva e genocídio.