O mais recente caso de violência contra Abdullah Ghaleb Barghouti e outros palestinos detidos na penitenciária israelense de Shatta representa uma “clara tentativa de matá-los”, advertiram duas proeminentes ongs palestinas de direitos humanos.
Barghouti permanece detido desde 2003, sob 67 penas perpétuas deferidas por cortes militares da ocupação israelense.
“Testemunhos obtidos de prisioneiros recém-libertados corroboram que Barghouti foi agredido por forças repressivas na prisão de Shatta”, disseram o Clube dos Prisioneiros Palestinos e a Comissão para os Prisioneiros e Ex-prisioneiros.
“[Barghouti] sofreu fraturas no tórax e seus colegas de cela também foram atacados no que se mostrou uma agressão grave e brutal”, acrescentou o alerta.
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O incidente foi uma “clara tentativa de matá-los”, reportaram as ongs, ao observar que as autoridades carcerárias de Israel intensificaram seus abusos contra os palestinos em custódia desde a deflagração do genocídio em Gaza, em outubro.
“Prisioneiros são submetidos a abusos constantes, proibidos de receber visitas de seus advogados. Somente Barghouti teve três solicitação de seu advogado bloqueadas pelas autoridades [de Israel]”, detalhou o comunicado.
Entre as violações, estão tortura, uso da fome como instrumento de estresse e mesmo negligência médica a pacientes oncológicos e outros.
Advogados que conseguiram visitar seus clientes notam piora nas condições prisionais.
“Tais abusos cometidos pelas autoridades israelenses ocorrem há décadas”, prosseguiu o alerta. “A única diferença hoje é que a escala atual não tem precedentes e há receios genuínos de que se torne norma a todos os prisioneiros”.
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O Clube dos Prisioneiros Palestinos estima aproximadamente 9.700 palestinos detidos atualmente por Israel, entre os quais 250 menores de idade e 80 mulheres — incluindo duas grávidas.
Dos quase dez mil prisioneiros, ao menos 3.380 são mantidos sob a chamada detenção administrativa — isto é, sem julgamento ou acusação; reféns, por definição.
Barghouti, membro do movimento Hamas, tem cidadania jordaniana e foi submetido a meses de interrogatórios violentos na ocasião de sua captura, em 2003. Desde então, passou anos em confinamento solitário.
Em custódia, Barghouti escreveu vários livros, incluindo sua autobiografia, Príncipe das sombras: Um engenheiro na estrada, na qual relata sua luta contra a ocupação de Israel em terras palestinas.