O exército israelense conduziu nesta terça-feira (30) um ataque aéreo à periferia sul da cidade de Beirute, deixando ao menos três mortos, incluindo duas crianças, além de 74 feridos, informou o Ministério da Saúde do Líbano, segundo reportagem da agência de notícias Al Jazeera.
Dentre os mortos, estão “uma mulher, uma menina e um menino”, declarou a pasta, ao advertir para o possível aumento nas baixas civis à medida que a “continua a busca por desaparecidos debaixo dos escombros”.
A ação de Israel deve escalar ainda mais as tensões frente ao grupo libanês Hezbollah, com quem troca disparos através da fronteira desde outubro, no contexto do genocídio na Faixa de Gaza.
O exército israelense alegou que o alvo da operação foi Muhsin Shukr, comandante do Hezbollah.
Fontes do Hezbollah disseram que Shukr continua vivo.
O ataque ocorreu três dias depois de um foguete atingir as colinas de Golã — território da Síria, ocupado ilegalmente por Israel desde 1967 —, deixando ao menos 12 mortos dentre a comunidade drusa.
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Israel culpou o Hezbollah pelo incidente, apesar das negativas do grupo libanês.
Na noite desta terça-feira, moradores ouviram uma grande explosão no bairro de Haret Hreik, no subúrbio de Beirute por volta das 19h40 do horário local (16h40 GMT). A área é próxima do Conselho de Shura de Hezbollah, isto é, sua sede política.
Metade dos prédios no bairro densamente povoado desabaram e um hospital próximo sofreu danos. Ruas nos arredores foram cobertas de destroços e estilhaços de vidro, à medida que ambulâncias corriam à cena.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, “condenou a flagrante agressão israelense contra Beirute”, segundo comunicado, ao descrever o ataque como “ato criminoso” em uma “série de operações hostis, matando civis, em violação da lei internacional”.
Condenações semelhantes foram ecoadas por Hamas, Rússia, Irã e grupos alinhados na região, como os houthis, que governam o Iêmen.
Desde a deflagração da guerra a Gaza, em outubro, Israel atacou Beirute em ao menos uma ocasião, em 2 de janeiro, quando assassinou Saleh al-Arouri, liderança político do movimento palestino Hamas.
A atual escalada é a pior entre Israel e Hezbollah desde a guerra aberta entre as partes em 2006, que durou 34 dias.
Após o ataque, o exército israelense se absteve de novas instruções à defesa civil.
Ao tratar do assunto nesta terça, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, insistiu que os Estados Unidos não ainda creem que uma guerra entre as partes “possa ser evitada” por meio de uma solução diplomática.
As ações israelenses em Gaza deixaram ao menos 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Para além da deflagração regional, há apreensão de que Israel reproduza suas violações contra civis no sul do Líbano, em meio a chamados de ministros supremacistas em Tel Aviv para reocupação do território.
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