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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, é assassinado em Teerã

Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas, foi morto nesta madrugada em Teerã, em ataque atribuído a Israel. O atentado ocorreu horas depois de um ataque israelense contra um suposto alvo do Hezbollah em Beirute, capital do Líbano. Haniyeh estava no Irã para a posse do novo presidente Masoud Pezeshkian.

O chefe do gabinete político do grupo palestino Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado na capital iraniana Teerã, onde estava para a posse do novo presidente eleito Masoud Pezeshkian nesta terça-feira (30).

O assassinato foi confirmado por um comunicado do Hamas, no qual o grupo palestino, que administra Gaza, sob cerco e bombardeio, culpou Israel pelo ataque.

Não houve comentário imediato do governo em Tel Aviv. O exército israelense afirmou apenas conduzir, no momento, uma “análise situacional”.

Haniyeh e um de seus seguranças foi morto nas primeiras horas desta quarta-feira (31), após o edifício que o hospedava ser atingido por um drone, segundo relatos.

“O Movimento de Resistência Islâmica Hamas lamenta junto a nosso povo palestino, à nação árabe e islâmica e a todos os povos livres do mundo, nosso irmão, líder e mártir mujahid Ismail Haniyeh, chefe do movimento, morto por um ataque traiçoeiro sionista contra sua residência em Teerã”, declarou a nota.

As notícias do assassinato levaram, no entanto, a uma mobilização renovada na região, em particular, nos territórios palestinos ocupados, aumentando receios de um conflito regional no contexto do genocídio em Gaza, que já dura dez meses.

Israel e Hezbollah, grupo libanês ligado ao Irã, trocam disparos transfronteiriços desde então, incluindo um ataque aéreo israelense diretamente a Beirute poucas horas antes do atentado contra a Haniyeh.

LEIA: A guerra será diferente após a morte de Haniyeh, afirmam Hamas e Irã

O exército israelense mantém ainda bombardeios em diversos fronts, incluindo Síria e Iêmen, onde enfrenta um embargo no Mar Vermelho imposto pelo movimento houthi — também ligado ao Irã — que administra o país.

Ao menos 39.445 palestinos foram mortos por Israel em Gaza, além de 91 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Dentre as fatalidades, 15 mil são crianças.

O Estado colonial justifica suas ações como “autodefesa” por uma operação do Hamas que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados.

Segundo o exército ocupante, 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. O índice, porém, sofre escrutínio, após o jornal israelense Haaretz corroborar “fogo amigo”, sob ordens gravadas de comandantes de Israel para impedir a tomada de reféns.

A Guarda Revolucionária do Irã, unidade de elite de suas Forças Armadas, corroborou o atentado: “Nesta manhã, a residência onde estava Ismail Haniyeh em Teerã foi atacada, resultando em sua morte e de um segurança. A causa está sob investigação e deve ser anunciada em breve”.

Segundo a imprensa, Haniyeh foi morto por um “projétil aéreo teleguiado” que atingiu uma residência especial para veteranos do exército no norte de Teerã, onde o chefe do Hamas estava hospedado, em torno das 2h00 da manhã (22h30 GMT).

As Brigadas Izz al-Din al-Qassam, braço armado do Hamas, destacaram que o atentado leva a guerra com Israel a “novos níveis”, ao alertar para “enormes consequências para toda a região”.

O Supremo Líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei prometeu retaliação.

“O regime criminoso e terrorista sionista matou um querido convidado em nossa casa, deixando-nos de luto”, declarou Khamenei em nota emitida nesta quarta, ao “preparar, no entanto, o campo para uma dura punição contra si”.

LEIA: Tão criminoso quanto desesperado: o assassinato de Ismail Haniyeh por Israel

Segundo a imprensa israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou seus ministros a não comentarem o episódio no momento. Ainda assim, Amichai Eliayhu, da pasta de Patrimônio, conhecido por declarações inflamatórias, afirmou na rede social X (Twitter), em hebraico, que a morte de Haniyeh “torna o mundo melhor”.

Catar e Egito, mediadores nas negociações entre Israel e Hamas, alertaram que a morte de Haniyeh, mediante atentado internacional, deve descarrilar novamente esforços por um eventual acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros.

Haniyeh deixou Gaza em 2019 para viver no Catar. A liderança em Gaza ficou a cargo de Yahya Sinwar, continuamente ameaçado por políticos israelenses.

Segundo Hani Mahmoud, correspondente da rede Al Jazeera em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza, o assassinato é um golpe à população por conta das negociações.

“Os palestinos de Gaza e da Cisjordânia viam Ismail Haniyeh como um líder moderado, muito mais pragmático comparado a outros líderes que comandam o campo militar do movimento”, comentou Mahmoud.

“Haniyeh é bastante popular aqui”, acrescentou o jornalista. “Cresceu em um campo de refugiados, de modo a representar a ampla maioria das pessoas que são descendentes das famílias expulsas de suas terras em 1948”.

Analistas receiam maior escalada do conflito com a morte de Haniyeh, considerado o principal negociador do Hamas.

“Trata-se de uma enorme escalada — o que aconteceu ontem no Líbano, e hoje no Irã. É uma escalada conduzida por Israel e deve ter ramificações importantes”, explicou à Al Jazeera Sami al-Arian, diretor do Centro Islâmico de Assuntos Globais na Universidade de Zaim em Istambul.

Comunicado das Brigadas al-Qassam

O braço militar do Hamas descreveu o incidente como “covarde assassinato sionista” e observou em nota:

“Em resposta a este crime nazista reafirmamos os seguintes pontos:

Primeiro, o líder e combatente Abu al-Abd [Ismail Haniyeh] ascendeu após uma vida de dedicação, luta e sacrifícios. Ao longo de sua jornada, acompanhou vários estágios do desenvolvimento e luta de nosso movimento, deixando claras contribuições e marcas. Ofereceu muito a nossa causa palestina e exerceu um papel importante em fortalecer a resistência, unificar os esforços nacionais e apontar a bússola a Jerusalém

Sua vida culminou em martírio durante a mais nobre das batalhas, a Tempestade de Al-Aqsa, combatida por nosso povo e nossa gente livre de nossa nação.

Segundo, o assassinato criminoso de Haniyeh no coração da capital iraniana representa um evento perigoso que leva a batalha a novas dimensões e terá repercussões severas em toda a região.

O inimigo calculou mal ao expandir sua agressão e assassinar líderes da resistência em arenas distintas, ao violar a soberania de Estados regionais. O criminoso Netanyahu — cego por ilusões de grandeza — leva a entidade ocupante ao abismo, ao acelerar o seu colapso e sua permanente remoção de terras palestinas.

LEIA: Israel ataca o sul de Beirute em meio a escalada com o Hezbollah

Terceiro, a imprudência sionista tem de acabar e este inimigo desenfreado tem de ser contido, com uma mão mediadora que o impeça de maiores agressões. Os crimes em curso em diversos fronts ressoam o alarme a todas as nações e povos da região, porém compelem o apoio à resistência na Palestina. A resistência serve como linha de defesa frontal a toda uma nação, razão pela qual o inimigo tenta esmagá-la para concentrar-se em uma agressão ainda maior contra nações e povos da região.

Por fim, o sangue de Ismail Haniyeh, hoje misturado ao sangue das crianças, mulheres, jovens e idosos de Gaza, junto aos nossos combatentes, ressalta que a resistência está no âmago da luta do povo. Seu sangue precioso não será derramado em vão, mas sim iluminará o caminho para a libertação. O inimigo pagará por essa agressão — em Gaza, na Cisjordânia, dentro de suas fronteiras e onde quer que estejam seus soldados”.

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