Policiais israelenses detiveram nesta terça-feira (13) Jibril Rajoub, presidente do Comitê Olímpico da Palestina, após sua chegada de Paris no aeroporto de Tel Aviv, para seguir viagem à Cisjordânia, confirmou a agência de notícias Wafa.
Rajoub, membro do Comitê Central partido Fatah, movimento político que administra a Autoridade Palestina, foi abordado logo ao chegar de viagem, após o encerramento das Olimpíadas na capital francesa, na noite de domingo (11).
Policiais revistaram o político de 71 anos de idade e confiscaram seu passaporte — em seguida o transferiram ao complexo militar de Ofer, perto de Ramallah, para passar por interrogatórios.
Rajoub recebeu ameaças de prisão de oficiais de Israel por peticionar pelo banimento do Estado de apartheid dos eventos esportivos junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI), porém sem anuência do chefe do órgão e ex-esgrimista alemão, Thomas Bach.
Rajoub reivindicou também a exclusão da seleção israelense dos torneios organizados pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), como a Copa do Mundo, ao mencionar violações de princípio e da lei internacional, incluindo genocídio e apartheid.
Em 22 de julho, na semana anterior à abertura em Paris, o comitê palestino formalizou seu apelo junto a Bach, ao reiterar que Israel age em transgressão da tradicional trégua olímpica, de 19 de julho e até o encerramento das Paraolimpíadas, em setembro.
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Neste mesmo contexto, a FIFA adiou a deliberação sobre a suspensão de Israel para 31 de agosto, ao permitir, na prática, que a equipe ocupante competisse na fase de grupos do torneio de futebol masculino das Olimpíadas.
A eventual suspensão de Israel tem precedente em ambas as entidades desportivas.
Em Paris, atletas da Rússia e Bielorrússia concorreram sob bandeira neutra, por conta da invasão militar do Kremlin contra a Ucrânia. Em 2022, a FIFA — assim como a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) — agiu rapidamente para banir a Rússia.
Em 1961, a FIFA baniu a África do Sul devido ao regime apartheid, seguido pelo COI em 1970. Em 1992, foi a vez da Iugoslávia, sob gestão sérvia, devido a violações nos Balcãs, após a emissão de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em Paris, os oito atletas da delegação palestina foram recebidos com manifestações de solidariedade, frequentemente ovacionados no decorrer dos torneios.
Esportistas de outros países — como a boxeadora argelina Imane Khelif, medalhista de ouro após uma violenta campanha de ódio — ecoaram apoio pró-Palestina, ao ostentar faixas nas cores da bandeira e lenços tradicionais, ou keffyehs.
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A delegação israelense, em contrapartida, preferiu discrição, sob receios de protestos.
Em maio, ainda antes dos Jogos, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ameaçou revogar a autorização de viagem ao emissário palestino.
“Trabalharemos para acabar com seus planos”, insistiu Katz. “E se ele não parar, vamos prendê-lo em Muqataa [complexo presidencial de Ramallah], onde vai passar o tempo chutando uma bola contra a parede”.
Neste contexto, a detenção de Rajoub equivale, portanto, a perseguição política.
Rajoub was today arrested by the IDF. had his passport seized, and brought to a military interrogation center upon his return to the West Bank from Paris. His crime seems to be his insistence that Israel be barred from the Olympics. This response by Israel kinda proves his point. https://t.co/L9FVMMobPY
— Dave Zirin (@EdgeofSports) August 13, 2024
Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza desde 7 de outubro.
O Estado israelense é réu por genocídio no tribunal em Haia, sob denúncia sul-africana, deferida em janeiro. Entre as medidas desacatadas, está a suspensão de sua campanha em Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga hoje até 1.5 milhão de palestinos.
Em Gaza, Israel deixou ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.